“Tem que resistir para poder seguir”: Laurinha Fagundes, cria da Rocinha, leva orgulho e representatividade através da sua arte

foto: arquivo pessoal

Laura Fagundes, 9 anos, a Laurinha, nascida e criada na favela da Rocinha, sempre foi uma menina que não gostava da cor de seu cabelo.
Em uma determinada ocasião, foi comprar uma roupa com sua mãe, Cláudia, e lá foi chamada para desfilar para a marca. Ela topou, e quando chegou no dia, viu que lá só crianças de cabelo grande, liso e se sentiu muito desconfortável.

Logo depois, percebeu que quem estava apresentando o desfile era a MC Elis, uma menina de cabelo crespo, o que a deixou muito feliz e a fez se sentir pertencente. Com isso, conseguiu entrar no palco, desfilou, e sentiu pela primeira vez o gostinho dos holofotes. Percebeu que o lugar de destaque também podia ser para ela.

Dance in Rio

“A partir desse dia, Laurinha começou a se sentir linda e maravilhosa, usando seu cabelo black power e sentindo orgulho dele”, comenta a mãe.
Em outra situação, quando um cantor foi fazer show na Rocinha, ele e sua equipe ficaram hospedados na casa de Cláudia. Uma das integrantes gostou da menina, e a chamou para fazer parte da companhia de dança que ela também fazia.

A companhia se chama Dance in Rio, onde fazem apresentações de dança nas ruas e bares, principalmente da Zona Sul.
Foi assim que Laura começou a se despertar para o mundo da arte. Criou seu próprio personagem: a Black Emília, e fez um show onde, em um curto espaço de tempo, seus seguidores foram de 10 mil para quase 30 mil. “Quando o coreógrafo disse que ela faria a boneca Emília e mostrou o figurino, ela não concordou. Desenhou sua própria roupa, mandou para a costureira, e disse que se apresentaria com seu próprio cabelo black”, conta Cláudia.

grupo Dance in Rio

Redes Sociais

De lá para cá sua ascensão na carreira artística só cresceu. Diversos funkeiros e funkeiras a conhecem por sua rede social, compartilham seus vídeos, e inclusive sua família já recebeu o cantor Nego Do Borel em casa, que ficou impressionado com o talento de Laurinha, postou vídeos dela dançando, e assim foi recebendo cada vez mais reconhecimento pelo que faz.

Nas redes sociais, seus perfis são administrados pela mãe e irmã, Petra Fagundes. Além disso, também conta em sua rede com Victor Cinquini, que atua como Relações Públicas.
A menina, com toda sua criatividade, gosta de criar conteúdos autênticos nas ruas da favela, valorizando sempre seu cabelo, cor de pele, e o lugar onde mora. Carregada de representatividade, suas formas de expressão artísticas, que também incluem atuação e canto, chegam a muitos adultos e crianças que se inspiram pela sua história.

Videoclipe

Laurinha dança desde os 2 anos; e Wagner Silva, pai do “Pablinho do Passinho”, uma das maiores inspirações dela na dança, acompanha sua vida e seu desenvolvimento desde criança. Pensando nisso, compôs a primeira música para ela: “Não da pra negar”, que fala sobre sua resistência e dará vida a um videoclipe, que será gravado no Mirante da Rocinha, dia 20 de Setembro.

Para conseguirem realizar mais esse sonho, a multiartista e toda sua rede de apoiadores, conta com a ajuda de doação para a vaquinha que irá arcar com os custos da produção audiovisual. O link para que Laura ganhe um presente especial de dia das crianças e possa se lançar como MC é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/videoclipe-da-laurinha.

“Tem que resistir para poder seguir”

Laurinha é mais uma grande potência que desabrocha nas favelas do Rio. Consciente e determinada, com seus 9 anos, ela fala por si só. Com seu histórico de rejeição por ser uma menina negra, e também por ter dermatite, uma doença na pele, ela faz ecoar sua presença e seu orgulho pelo que é, e por tudo e todas que a encorajaram a seguir em frente.

O seu desejo é que possa passar isso adiante para outras crianças da comunidade, para que cada vez menos crianças sintam o que ela sentiu, e possam se empoderar e ter orgulho, carinho e respeito pelo que são. Em suas apresentações, Laurinha sempre deixa sua marca registrada, o grito: “Tem que resistir para poder seguir!”.

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