Sou universitário e pobre. E agora, José?

Créditos: Imagem oferecida gratuitamente pelo site Canva.

Ser universitário é um privilégio que durante muito tempo foi acessado somente pela elite. Muitas famílias estão tendo agora a oportunidade de ter algum membro entrando nas universidades públicas e as vezes até privadas (o que é mais comum para nossa classe social, trabalhar para pagar a faculdade) só nesta geração. Muito disso graças às políticas de cotas, programas como Prouni e FIES e políticas de assistência estudantil. Também podemos olhar para as iniciativas de diversas empresas que estão se abrindo à inclusão da diversidade, onde os estudantes conseguem trabalhar e estudar ao mesmo tempo.

Porém, tais benefícios infelizmente não são suficientes para manter a diversidade no ensino superior e existe um alto número de evasão dessa população, além dos problemas à saúde psicológica que o ambiente acadêmico carrega. Alguns fatores podem ser citados, como o despreparo da universidade para lidar com casos de preconceito entre estudantes, isso quando não vem do próprio professor ou funcionário; alguns cursos só existem em tempo integral, o que barra a entrada de quem precisa trabalhar e estudar ao mesmo tempo; muitos estudantes saem da sua terra natal e fazem cursos em outros estados, mas não conseguem se manter por falta de alojamentos ou de infraestrutura e vagas nos poucos existentes; entre outras coisas.

Infelizmente, mesmo com tantos avanços conseguidos pelas lutas como do movimento negro, além do citado acima, com a gradativa mudança de cenário político vivida atualmente, que tem o projeto de desmonte da educação brasileira, está se tornando cada vez mais difícil ser universitário e pobre. Voltando a metáfora que faz referência do título à poesia de Carlos Drummond de Andrade, “José”; o que fazer quando o contexto vivido não nos dá esperança de melhoria?

Ouvi de dois professores meus, desesperançosos com o futuro da universidade em que estudo, que a saída é continuar estudando e nos unirmos. Também escutei uma vez em um evento acadêmico, algo que me marcou profundamente: “Não é sobre subir a montanha, é quem levamos conosco.” Visto isso, cada vez mais eu me aproximo dos meus amigos e amigas que fazem o mesmo curso que eu, para nos mantermos sempre atualizados e resistentes aos desafios da vida estudantil.

Nesse clima de união, separei dicas que carreguei nessa minha jornada de universitário pobre e farei uma série de textos que espero ascender a esperança no coração de quem os ler. Farei um próximo texto com dicas para se conseguir estágio e depois me aprofundarei entrevistando pessoas dos sites que eu citar como plataformas de acesso a vagas. Também farei matérias sobre projetos de extensão universitária para o possível acesso a quem se interessar, o que se torna muito importante para provar a importância da pesquisa acadêmica que está sendo sucateada. Repasse os textos para outros estudantes e vamos nos unir!

Eu acredito na juventude brasileira. Outra geração venceu a ditadura, nós também venceremos o que está por vir.

“se você cansasse,
se você morresse…

Mas você não morre,
você é duro, José!”

Trecho de “José” de Carlos Drummond de Andrade