Sobre nossas mortes: vidas negras importam

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Infelizmente tem sido muito comum em minha coluna semanal abordar sobre a temática do extermínio da população negra, dias após dias somos sistematicamente assassinados. Ontem, um morador de Manguinhos me relatou que mais um civil foi assassinado num suposto confronto entre polícia e bandidos. Mais um corpo, mais uma família dilacerada, mais um dos nossos.

Esta semana recebi uma outra notícia sobre um jovem que morreu. Dessa vez foi de uma outra forma de nos matar. O relato que tive acesso foi de que o garoto havia ingressado no mestrado e que sua família estava contente, muito embora, manter-se na pós-graduação pública é sempre muito difícil, seja porque é um mundo elitista, racista, seja porque nossa forma de viver (faveladxs e periféricos) incomodam muita gente e acabamos adoecendo.

Há alguns dias escrevi outra matéria sobre Racismo e saúde mental, e ali falava de como adoecemos, mas hoje é sobre a morte de um jovem que teve um dos sonhos realizados e não concluiu. Matheus (nome fictício) no curto tempo que pôde cursar o mestrado, recebeu ajuda de muitos colegas na alimentação, transporte, material de estudos etc. Sim, lá estamos e não temos condições de nos mantermos e isso adoece, mata e infelizmente Matheus não resistiu, virou ancestralidade, ainda que muito novo. Sua mãe e familiares choram, eu choro, muito choram, mas precisamos estancar a sangria, pôr fim a tudo isso. E novamente repito até ecoe em todos os cantos: Vidas negras importam!!!