Sobre a vida de uma criança que teve os direitos violados

Protesto em São Paulo no ano de 2017, contra a criminalização do aborto - Foto: Cris Faga/Fox Press Photo/Estadão Conteúdo

Nessa semana os fundamentalistas religiosos brasileiros demonstraram mais um ato de falta de fé, humanidade e crueldade. Além disso, demonstraram corroborar a violação do direito à vida digna de uma criança de 10 anos que foi estuprada pelo tio desde os 6 anos de idade, cujo desfecho foi uma gravidez precoce, indesejada e à base de violência.

A desumana Sara Winter publicou nas redes sociais o nome, o local e o horário que seria realizado o procedimento legal de interrupção da gravidez da referida criança. Ato que se caracteriza como crime, pois cabe o sigilo profissional em casos como esse, visto que o principal objetivo deve ser preservar ao máximo o anonimato da vítima.

O fato é que a criança está bem, tudo ocorreu da melhor maneira possível e de acordo com o pronunciamento oficial do hospital que foi realizado o procedimento, a menina não soube o que se passava lá fora. É com isso que devemos nos importar, com a preservação de uma criança que já sofreu muita violência e que agora precisa ter assegurado todos os seus direitos.

Essa criança tão ferida pela permissividade das relações de dominação masculina, precisa experienciar outras coisas que não a violência, que não a dor. Que após tudo isso ela possa ter paz, felicidade, amor, luz e que tudo isso a ajude a cicatrizar essa grande ferida aberta e que sangra. Que o amor e o respeito sejam as bases de suas relações próximas, que tenha um colo para deitar e se sentir acolhida.

Cada dia que passa guardo em meu peito a esperança de que as forças positivas são mais poderosas que as forças negativas e que as primeiras sairão vitoriosas, porque estamos reagindo, estamos mostrando que o ódio de classe, de raça, de religião não tem espaço numa sociedade democrática e que os odiadores religiosos precisarão encontrar outros vazadouros para os seus ódios.