Série Favela.doc vai dar visibilidade aos artistas musicais periféricos de diversas comunidades brasileiras

A câmera foi desligada, as luzes se apagaram, as gravações encerradas, agora é hora de editar e finalizar todo o material captado para a série com oito episódios Favela.doc que vai dar visibilidade a artistas periféricos que atuam na música.

A equipe de gravação esteve de 19 a 24 de março no Nordeste de Amaralina, em Salvador, com o grupo TrapFunk&Alívio; de 27 de março a 6 de abril, no Rio de Janeiro, com Deize Tigrona na Cidade de Deus e N.I.N.A, depois em Manguinhos, Taquara e Praia Vermelha; entre 10 a 14 de abril com a cantora Rayssa Dias, no Recife e em Olinda; de 17 a 21 de abril em Belém, com o cantor Maderito; encerrando os trabalhos, de 24 a 29 de abril na Baixada Santista, com o DJ Mu540 (Muzão). Em 2023, o Favela Sounds, em Brasília, serviu como cenário para dois episódios do DF, onde o samba foi representado pelos Filhos de Dona Maria e o R&B pelo duo Margaridas.

Guilherme Tavares, argumentista e produtor executivo do documentário, da produtora Um Nome, realizadora do Festival Favela Sounds, conversou com a ANF, revelando que o projeto se desenvolveu a partir de uma parceria entre a cineasta Viviane Ferreira, com sua produtora Odun Filmes. Através do Favela Sounds foi possível o diálogo com os artistas, e o mapeamento das cenas nos respectivos territórios.

Sobre o lançamento, Guilherme disse que a previsão é 2025. “A gente não tem uma janela, um canal específico para lançar. A série foi desenhada para TV, plataforma de streaming, TV aberta e fechada, todas essas janelas cabem e a gente está em negociação nesse momento”, explicou.

O Favela.doc está estruturado em oito episódios independentes, cada um deles falando sobre um artista e que conta a história de um estilo de música, de uma região do Brasil, todos eles ambientados e segmentados dentro da música de periferia. A equipe de gravação que viajou pelos estados foi composta por 11 pessoas, mas para as funções de assistências, foram convidadas pessoas locais em cada território, a fim de satisfazer a necessidade de dialogar com o audiovisual negro do Brasil. “A grande maioria dos profissionais envolvidos nesse projeto foram negros e que faziam parte das articulações e movimentos do audiovisual negro”, conta Guilherme Tavares.

Fotos de Marina Domar.

Gravar nos territórios do Rio

As gravações do documentário no Rio de Janeiro tiveram suas particularidades, como em cada território de outros estados visitados pela equipe. “Eu acho legal a gente apontar que o Rio de Janeiro tem suas particularidades. Ao mesmo tempo que é o lugar mais desafiador para se filmar, principalmente no contexto das periferias, é também o território que mais acolhe essas narrativas, porque o Rio tá acostumado, de forma geral, a ser retratado, então essa realidade pra dentro das favelas é também algo factível e que gerou excelentes episódios para a série”, revela Guilherme Tavares.

Em alguns territórios do Rio a equipe não pode gravar, em outros, foram muito bem acolhidos, como na Cidade de Deus, em que toda a comunidade, de alguma forma, se mobilizou pra realização do episódio do documentário, embora algumas gravações tenham sido feitas em ambientes internos, como dentro da casa.

“Teve um dia que a gente gravou na Quadra do Coroado, mas nenhuma manifestação que gerasse multidão, mas havia nossa percepção de que era muito importante contar a história da Deize Tigrona para a Cidade de Deus, eu acho que ela estava ali representando toda a comunidade. A gente via nos olhos das pessoas a satisfação de ver essas histórias cariocas, da vida real serem contadas”, revela o produtor Guilherme Tavares.

(Fotos de Marina Domar)