Ser cristão é não odiar o próximo

Foto: Alex Silva/Estadão Conteúdo

Recentemente uma amiga da família de longa data publicou que as mortes ocasionadas pela Covid-19 são uma resposta a como no carnaval Cristo foi, nas palavras dela, desrespeitado e que agora voltou para mostrar toda a sua ira aos supostos responsáveis. Ao ler tal postagem fiquei perplexa de como alguns cristãos reivindicam o ódio ao diferente e morte da/o outra/o como uma ação direta do próprio Cristo sobre as suas filhas e os seus filhos. Me pergunto eu: Como pode Cristo querer que no Brasil quase 100 mil pessoas, oficialmente notificadas, tenham morrido de Covid-19?

Me pergunto, como uma pessoa que tem Cristo no coração acredita ser louvável pensar que isso é uma vingança? Sabe, a fé uma escolha pessoal e privada, porém, nunca foi assim de verdade, pois durante séculos a Igreja Católica dominou o mundo e agora assistimos a dominação pentecostal. Em ambos os casos o ódio foi o meio pelo qual se impôs o poderio religioso.

Os argumentos dessa colega que representa uma parcela significativa da população nem mesmo tem fundamentos, o Covid-19 teve os primeiros casos no exterior ainda em 2019, o carnaval foi fevereiro de 2020. O que me fixa explícito é que não há nenhuma preocupação com as vidas, mas sim em atacar a manifestação cultural do carnaval que, para muitos evangélicos, é o inferno na terra.

Minha dica é: você que é cristão, não comemore a morte de ninguém em nome da fé, Deus e nem Cristo nunca delegou a ninguém o poder de matar. A vida é o bem mais precioso que temos, não esconda o seu ódio, racismo religioso e preconceito atrás da fé, pois nenhuma igreja deve pregar a eliminação da/o outra/o que não possui a mesma fé.

Além do mais, num país democrático que possui uma Constituição, como é o caso do Brasil, se é que devemos responsabilizar alguém pelas mortes, temos que primeiramente responsabilizar o presidente da República, o governador e o prefeito do Rio de Janeiro, pois eles foram eleitos para agir em prol das cidadãs e dos cidadãos e durante a pandemia mostraram a sua total incompetência.