Saúde divulga boletim da pandemia tarde para evitar telejornais de maior audiência

Painel de avaliação de casos da Covid-19 - Reprodução

Questionado pela CNN Brasil nesta sexta-feira, 5, sobre a mudança da divulgação do boletim diário da pandemia de coronavírus pelo Ministério da Saúde, agora às 22 horas, o presidente Jair Bolsonaro disse rindo: “Acabou matéria no ‘Jornal Nacional’.” Então perguntou em qual veículo o repórter trabalha acrescentou, sério: “É para pegar o dado mais consolidado. E tem que divulgar os mortos no dia. Ontem, por exemplo, dois terços dos mortos eram de dias anteriores. Tem que divulgar o do dia.”

Na edição de quinta-feira, em resposta ao atraso dos dados do governo, o “Jornal Nacional” anunciou que fará a contabilização a partir dos dados compilados das secretarias estaduais de saúde.O Jornal da Record, concorrente da Globo, também criticou nas redes sociais o novo horário e a falta de transparência na divulgação sobre a situação real do país durante a pandemia. “É uma questão de saúde pública saber o que está acontecendo no Brasil agora. É muito importante para todos nós”, disse Adriana Araújo, apresentadora do JR. Na sua edição de ontem, o “Correio Braziliense” atribuiu a Bolsonaro a decisão de alterar o horário divulgação do boletim diário do governo sobre a pandemia no país.

Nesta sexta, o portal do Ministério da Saúde com dados sobre a Covid-19 no Brasil saiu do ar. O último relatório da pasta também não continha o número total de mortos e contaminados, indicando apenas números do dia. Neste sábado, Bolsonaro afirmou que o ministério ‘adequou os dados’ para evitar subnotificação. Carlos Wizard, que assumirá a Secretaria da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, disse ao jornal ‘O Globo’ que o total de vítimas deve ser recontado. Jornalistas questionam a ação do governo em relação aos dados.

Assista no link à entrevista de Bolsonaro: