Sarau das Pretas celebra dois anos

Crédito: Elaine Campos

O Sarau das Pretas celebra o aniversário de dois anos, no próximo dia 17, com um sarau especial na Casa das Rosas em São Paulo (SP). O encontro terá microfone aberto, entrada gratuita, bolo e sorteio de brindes.

O evento comemorativo vai, também, relembrar a trajetória do sarau, cujo coletivo é formado por Débora Garcia, Elizandra Souza, Jô Freitas Thata Alves e Taissol Ziggy e que desde a estreia, há dois anos no Sesc Pompéia, idealizado por Débora Garcia, realizou 47 apresentações na capital e no interior de São Paulo.

“Passados dois anos desde nossa primeira apresentação no Sesc Pompéia, nos reunimos para planejar este ano e ficamos impressionadas e muito felizes por termos vivenciado tantas coisas juntas, porque no fazer, a gente não se dá conta da dimensão do trabalho, mas estamos empolgadas e nos descobrindo individual e coletivamente. Temos muito a dizer. O retorno do público é sempre positivo”, enfatizou Elizandra Souza.

O destaque do encontro será a garantia de participação do público, que poderá utilizar o microfone aberto para declamar poesias.

“Como temos trabalhado com espetáculos, neste formato, não conseguimos garantir o espaço do microfone aberto. Embora nosso público compreenda essa fase do nosso trabalho, estamos com saudades dessa vivência que é tão preciosa para nós. Dar e receber a palavra, é isso que nos movimenta. Por isso, em nosso aniversário, a prioridade será a participação do público”, comentou Débora Garcia.

Dois anos de poesia e performance

Além do número expressivo de apresentações, o Sarau das Pretas destaca-se pela versatilidade performática, abordando temas variados em suas apresentações. As poetas residentes já homenagearam as escritoras negras Conceição Evaristo, Noémia de Souza, Esmeralda Ribeiro e Carolina Maria de Jesus no projeto “Nossos passos vêm de longe”, que tem o objetivo de exaltar mulheres negras precursoras na literatura. Também se posicionaram a favor das religiões de matrizes africanas e contra a intolerância religiosa no espetáculo “Quem é do asè é de paz”. Por fim, neste carnaval, realizaram o espetáculo “CarnaPretas – Diversão sem preconceito”, no qual, de formato alegre e divertido, desconstruíram os preconceitos e estereótipos contidos nas tradicionais marchinhas de carnaval.

“Para mim, é uma grande satisfação olhar a nossa trajetória e constatar que estamos no caminho certo. Imprimindo a nossa identidade de forma marcante em tudo o que produzimos. Somos um coletivo de sarau bastante versátil e, por isso, nos permitimos vivenciar todas as possibilidades do fazer artístico. Muitas são as pautas com as quais lidamos no nosso dia a dia e penso que o nosso trabalho artístico é uma importante ferramenta para dar visibilidade a essas questões”, pontuou a criadora do sarau, Débora Garcia.

Crédito: Elaine Campos
Crédito: Elaine Campos

Conquistas

Além dos dois anos de existência, o Sarau das Pretas também comemora importantes conquistas, tais como a finalização do logotipo personalizado, a aquisição de instrumentos de percussão e o site. Para Débora Garcia essas pequenas conquistas fortalecem o senso de organização e independência do coletivo:

– Ainda não fomos contempladas por fomento e essa é a nossa próxima meta. No entanto, não fizemos disso um empecilho para que colocássemos nossos projetos em prática. Tivemos que nos organizar financeiramente. Temos um caixa coletivo que é mantido com uma porcentagem do nosso cachê que destinamos para esse fim. No começo foi difícil abrir mão, mas quando passamos a ver o retorno desse investimento, entendemos e valorizamos essa prática, assim sempre teremos autonomia, pontuou Débora.

Sobre a aquisição de instrumentos, o coletivo adquiriu um djembe e um berimbau, ambos personalizados e feitos por mestres em cultura popular, o que trouxe bastante ânimo para Taissol Ziggy, percussionista do grupo. “Até então utilizávamos instrumentos das integrantes do grupo, o que foi fundamental já que não tínhamos. Os instrumentos novos são frutos do nosso trabalho, por isso, além da nossa identidade visual, também carregam a nossa energia coletiva”, disse.

Para Jô Freitas, o desenvolvimento do logotipo foi desafiador, chegar a um resultado que visualmente representasse o coletivo:

– Esse foi um processo longo que perpassou o ano de 2017. Após muitos debates, troca de ideias e graças à parceria com o designer Thiago Lima, chegamos ao resultado final.  Na “logomarca” [logotipo] é possível ver uma mulher de turbante tocando um djembe e em cima deste, um livro aberto. Também trazemos referências egípcias na tipologia. Ou seja, a logomarca reúne as referências nas quais baseamos o nosso trabalho, comentou.

Por fim, no início deste ano, o coletivo lançou o site oficial. Segundo Thata Alves, o site vai ao encontro da necessidade do coletivo apresentar seu trabalho de uma forma mais profissional e, também, de acessar as pessoas que não estão nas redes sociais.

– Assim como a logomarca, o desenvolvimento do site foi algo que exigiu bastante empenho de todas para separar os materiais e desenvolver os conteúdos. Nossa assessora de imprensa Jéssica Balbino foi quem, pacientemente, nos auxiliou a concretizar o site. Finalmente ele ficou pronto e está bem completo. Lá os internautas poderão acessar um pouco da nossa história, conhecer as integrantes, e acessar materiais como fotos, vídeos e agendas em primeira mão, disse.

Serviço
Aniversário de 2 anos do Sarau das Pretas
Quando:
17 de março às 17h
Onde: Casa das Rosas
Endereço: Avenida Paulista, 37 – Bela Vista/São Paulo
Entrada: Gratuita
Microfone aberto
Informações:
www.saraudaspretas.com