Rio de Janeiro, a primeira UPP do Brasil

Certa vez, em uma cerimônia na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro o querido Marcus Galiña, também colunista deste portal, soltou a seguinte frase, genial como de costume: “isso aqui foi a primeira UPP do Brasil”. A gente gargalhou e concordou.

Ontem, estudando para um artigo criminal me veio essa lembrança e a vontade de escrever sobre. Sérgio Cabral nada mais fez que uma releitura do projeto colonizador Português realizado no Brasil do século XVI.

O ano era 1563 e Estácio de Sá era sobrinho do Governador-Geral do Brasil, Mem de Sá. No referido ano ele chegou a Salvador, Bahia, com a missão de fundar uma cidade nas terras da Guanabara e expulsar definitivamente os franceses que ainda permaneciam, por mais de 10 anos,  na Baía de Guanabara.

No dia 1° de março de 1565, veio a fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, em um terreno plano situado entre os Morros Cara de Cão e Pão de Açúcar. Naquele local então Estácio de Sá estabeleceu a sua base de operações. Não tínhamos contêiner na época, mas ele deve ter usado habitações provisórias que se assemelham ao utilizado nas favelas cariocas.

A guerra com os franceses durou mais de dois anos. O famoso “quem disse que o morro é teu?”. No ano de 1567, em 20 de janeiro, chegaram reforços com uma esquadra comandada por Cristóvão de Barros. Algo que segue padrão no Rio de Janeiro, como se fosse a Choque chegando para socorrer a PM das suas operações furadas. Nada de novo sob o escaldante sol carioca.

Vale lembrar que Estácio de Sá teve ajuda dos padres jesuítas José de Anchieta e Manuel da Nóbrega, igreja e seu desserviço de cada dia, que fizeram a articulação política com os índios Temiminós para lutarem ao lado dos Portugueses contras os Franceses remanescentes e seus aliados, os índios Tupinambás naturais do local.

Ou seja, Estácio chegou e ocupou o Rio de Janeiro. Literalmente subiu o morro, mas sem condições para isso pediu reforço para Portugal, se juntou a igreja para fazer as articulações necessárias, violentou e matou a população local em prol de uma pacificação de um território que já vivia a sua normalidade. Há 454 anos o Rio de Janeiro, a primeira UPP do Brasil, é um looping de: Estado com seus interesses escusos somado a igreja violentando a população local.