RELATO DE VIOLÊNCIA NO JACAREZINHO

Nesta Segunda-Feira, novamente a violência vence a esperança no Jacarezinho. Com menos de uma semana que o prédio da célula urbana foi arrombado por policiais do 3º batalhão, aconteceu outro fato de violência. Uma operação desorganizada causou terror na favela, onde eu corri risco de vida várias vezes. Esta operação começou por volta das 13:50 e durou até as 17h. Neste período moradores relatam que duas pessoas morreram e quatro ficaram feridas. Tivemos muitos tiros e estouros de granadas. Uma das granadas foi estourada na porta do prédio da célula urbana, onde fica a sede da ANF no Jacarezinho, na Praça da Concórdia. Moradores relatam também que policias atiraram no transformador deixando grande parte da comunidade sem energia elétrica.  Agradeço muito a Deus por não ter acontecido uma tragédia maior, por que no momento tínhamos uma grande quantidade de crianças na rua, jogando futebol e idosos na Praça da Concórdia, nos banquinhos. Provavelmenteos moradores ficarão esta noite sem luz, estragarão as carnes na geladeira, crianças não poderão ver televisão.  Pessoas como nosso vizinho do prédio, o Sr. Gerson, que há mais de 60 anos mora no Jacarezinho, não poderá fazer a sua nebolização. Estamos com medo dentro da favela. Eu mesmo tive que ir para casa de parentes no méier,devido ao medo dos policiais voltarem nesta madrugada para “buscarem mais almas” (buzina que sai de dentro do caveirão para aterrorizar os traficantes e os moradores)

Tudo que pedimos são mudanças, da parte dos batalhões e delegacias. Estamos cansados de sermos reféns desta violência, de termos nossas casas arrombadas enquanto estamos no trabalho, de ter nossos objetos furtados por aqueles que deveriam nos proteger. Estamos cansados de sermos humilhados por policias do 22º batalhão,dentro das vans ou caminhando para o Metrô,  que nos revistam e que nos tratam como criminosos. Eu quero e andar na Suburbana e ir até o Metrô e ver os policiais ali trabalhando para me proteger. Não quero ver minha família  com medo, que o mesmo não vai me assaltar e nem mesmo me maltratar pelo fato de eu estar saindo ou entrando no Jacarezinho.

Paz é o que eu peço para os 80 mil habitantes desta enorme e maravilhosa favela.

Fiquem com Deus!