Rede de Observatórios da Segurança registra nove chacinas em dois meses no estado do Rio de Janeiro

Letalidade das ações policiais nas favelas cresceu consideravelmente nesse período.

Ações policiais no RJ / créditos: site Brasil de Fato

A Rede de Observatórios da Segurança divulgou na última quinta-feira (11) dados que apresentam um aumento significativo de ações policiais sem controle nos dois últimos meses.
Devido o uso da política de violência, o estado do Rio de Janeiro retornou aos padrões de mortes decorrentes de ação de agentes do Estado que apareciam antes da pandemia.

Segundo os dados, o número de operações e patrulhamentos monitorados pelo Observatório diminuiu, porém a letalidade das ações cresceu consideravelmente.
Em Novembro e Dezembro foram registrados 18 mortos e 5 feridos nas operações monitoradas. Já em Janeiro e Fevereiro foram 47 mortos e 14 feridos. Um aumento de 161% de mortes.

Outro destaque importante levantado pela Rede é que durante o momento atual de pandemia, as notícias sobre violência policial vem sendo abafadas pelas informações sobre o covid-19.
A polícia segue matando em quantidades assustadoras, enquanto essa realidade nao é divulgada, e sendo assim, a perda de vidas vai sendo naturalizada pela sociedade.

Por último, um dado chocante sobre a atual atuação policial é o registro das chacinas, que se dá quando ocorrem três ou mais mortes em um único evento.
Só nos últimos dois meses foram monitoradas 9, com destaque para a do Morro da Caixa D’água, em Quintino, que resultou em 10 mortes.

Se trata de uma realidade cruel e que vai contra a determinação do STF que proíbe operações policiais em favelas durante a pandemia, e que quando estas ocorrem, devem ser justificadas ao Ministério Publico do Rio de Janeiro.

A Defensoria Pública, o PSB e outras 14 entidades ligadas a defesa dos direitos humanos protocolaram na semana passada, um pedido para que a corte se manifeste em relação as operações policiais no estado. Eles mencionam sobretudo o retorno das chacinas e morte de crianças, além de um esvaziamento da medida cautelar citada acima.