Racismo e elitismo no caso do Decotelli

Decotelli pediu demissão do cargo, antes mesmo de tomar posse. - Foto Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil

Primeiramente quero dizer tenho total discordância em colocar um militar em qualquer ministério, visto que ser militar não significa ter competência para gerir uma pasta ministerial. Em segundo lugar quero evidenciar que não pronuncio nenhum apoio político ao ex-futuro Ministro da Educação Carlos Decotelli, especialmente por ser alguém de confiança do atual presidente do Brasil.

Porém, o meu incômodo é pelas inúmeras notícias de plágio da dissertação de mestrado e de certificados falsos do Decotelli. Pode ser que seja tudo falso mesmo, mas a questão é que para nós, pretas e pretos, é difícil assumir qualquer cargo público tendo títulos e mais títulos, falsificar não é um recurso fácil, visto que a gente sempre precisa comprovar a nossa competência.

Além do mais, a falsificação de títulos é um recurso muito antigo e bem utilizado pela branquidade. Aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, o atual governador foi acusado de plágio em sua dissertação, lembram-se? Pois bem, foi a mesma sabatina? Foi o mesmo estardalhaço midiático? Não, não foi e hoje ninguém mais fala sobre isso. Não chamaram um especialista em plágio, como fizeram com o Decotelli.

O que me leva a concluir que o pano de fundo de fato é o racismo, aquele velho racismo de duvidar da nossa capacidade de escrever uma dissertação e uma tese. É o racismo travestido de uma suposta investigação da produção acadêmica de um futuro ministro. O racismo grita, humilha e triunfa, pois a branquidade segue falsificando e permanecendo nos cargos garantindo assim que a negritude permaneça fora da disputa dos cargos de poder. Branco fica e preto sai.