Quantas pessoas seu machismo já estuprou?

 

Qual é a diferença entre a mulher que exige que o homem pague a conta e o rapaz que estupra uma menina e posta um vídeo na internet se vangloriando disso?

Muita, tem muita diferença, mas todas as duas ações tem o mesmo pai: o machismo.

Toda vez que um caso hediondo envolvendo machismo explode, as pessoas se indignam e usam as redes sociais para mostrar essa insatisfação. Porém, eu pergunto: você, indignado, já extinguiu o seu machismo?

Reclamar da filosofia de machos alpha não é o suficiente. Assim como não ser um também não é. Nada acaba só por que você não acessa, se fosse assim, a Rede TV já não existira há tempos.

O último caso publicitado – que não será o último, infelizmente – foi da menor de idade que ouviu barbaridades de um motorista de aplicativo, pois, segundo o mesmo, ela estava com roupas curtas e em posições que ele nem poderia descrever.

O discurso que atribui culpabilidade a vítima ainda é um hino, mesmo com exemplos de defuntos que foram estuprados sendo o suficiente para calar qualquer mente irracional que insista nesse caminho. “Ahhhhh, mas o caixão não podia ser curto assim!”

O machismo exige do homem uma “postura de homem”, mas tudo que parece validar um pênis soa como ruim e retrógrado. Sair por aí mexendo com mulheres na rua, se sentir obrigado a se excitar com determinadas atitudes, não poder chorar em fim de filme – mesmo que o filme seja Para Sempre ao Seu Lado – tudo isso me parece mais uma penitência do que qualidades.

Pois bem… o machismo é bom pra quem?

Não existe machisminho ou machismão, qualquer manifestação de machismo é errada e deve ser erradicada.

O feminismo se torna essencial quando existem frases do tipo: “mas também, se ela estivesse em casa não seria estuprada”, “olha a roupa que ela tava usando, tá pedindo pra ser estuprada”…E se fosse a sua mãe?

“Mas minha mãe não usaria essa roupa, não andaria nesses lugares, não dançaria essas músicas”…Deixa eu te dizer uma coisa: roupa não estupra ninguém, lugar não estupra ninguém, dança não estupra ninguém, já o seu machismo, seu machismo burro é que realmente estupra todo mundo.

Artigo anteriorGolpe Literário: poesia marginal de Vinícius Araújo
Próximo artigoAcadêmicos de Vigário Geral aposta no ‘Conto do Vigário’ para chegar ao Grupo Especial
Anderson Shon
Graduado em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda pela Faculdade da Cidade do Salvador, Anderson Shon, atualmente, é professor do Centro de Educação Ávila Góis, professor - Canto de Estudo, professor do Instituto Bom Aluno da Bahia e professor - Educandário Helita Vieira. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Anderson Mariano é escritor e professor. Lançou o livro Um Poeta Crônico no final de 2013 e, desde lá, já apareceu em coletâneas de poesia e de contos. Já ministrou oficinas em diversas feiras literárias da Bahia e é figura certa nos saraus de Salvador. É apaixonado por literatura e produz contos para abastecer o andersonshon.com. Em 2019, lançou o Outro Poeta Crônico, continuando sua jornada no mundo da literatura. Além de escritor, Anderson Shon é professor de redação e escrita criativa, sendo o professor com maior número de alunos premiados no Concurso de Escritores Escolares e, em 2018, lançou um livros de contos e poesias com os alunos do colégio estadual Conselheiro Vicente Pacheco do bairro de Dom Avelar. Anderson entende que ser professor não é uma profissão, é uma missão e que os livros são os melhores amigos que um estudante pode ter.