Quadrinista indígena de Belém quer mais espaço na CCXP em São Paulo

“Sou ativista e artivista, como eu gosto de me declarar”, resume Tai Silva, quadrinista indígena de Belém que mostra duas de suas obras na CCXP, em São Paulo. Seu trabalho fala das vivências de mulheres amazônidas e ativismo dos povos originários.

Tai Silva está lançando Causos da Floresta, em parceria com Nil Jorge, de Manaus. “A gente separou algumas tirinhas que publicávamos na internet, contando a história dos encantados vindos para as cidades amazônidas”.

Isso significa quadrinhos protagonizados pelo Curupira, Iara, Matinta Pereira e como eles enxergam a vida nas cidades, com bastante sarcasmo.

Além disso, Tai Silva também mostra seu quadrinho lançado no ano passado, Causos de Visagens para Crianças Maluvidas, além de botons e adesivos.

“Sou indígena de retomada em contexto urbano”, ou seja, a artista integra populações que saíram ou foram expulsas de suas terras ancestrais, e agora reocupam os territórios.

Ela concedeu entrevista à ANF.

Como define seu trabalho?

Acho muito importante utilizar a linguagem artística, no meu caso os quadrinhos, principalmente as ilustrações, para tratar de temas que muito frequentemente são invisibilizados nas grandes mídias.

Falta muito para essa luta conquistar o que deseja?

Infelizmente, ainda tem muito poucas pessoas indígenas ocupando os espaços, mesmo nós sendo os originários deste território.

Como isso acontece na CCXP?

A gente tem duas pessoas indígenas, isso é muito pouco. Nisso, vemos a urgência de ter mais indígenas. Enquanto isso, a gente vê muitas publicações sendo protagonizadas por pessoas indígenas, ou na capa, feitas por pessoas não indígenas.

Qual o efeito disso?

Muitas vezes, acaba perpetuando racismo, estereótipos que não representam a gente. Por isso, resolvemos unir alguns parentes e criar os Quadrinistas Indígenas, um coletivo de quadrinhos, exatamente para lutar contra esses estereótipos e tentar ocupar mais espaço dentro desse mercado.

Quais as perspectivas do coletivo?

Com sorte, nos próximos anos, aqui e em outros eventos nacionais, a gente pode ter mais pessoas indígenas.

 

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