Projeto promove consciência ambiental na Baixada Fluminense, no RJ

Baixada Atlântica é um projeto artístico-social de Remy Branco, historiador e atualmente estudante de Belas Artes, ambas formações pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, que combina estudos da História da Baixada Fluminense com diversas linguagens artísticas.

Nascido e criado na região, Remy é da Vila Canaan, em Duque de Caxias, mas já morou em Nova Iguaçu e, atualmente, vive em Seropédica.
O projeto que une ilustração, quadrinhos, lambe-lambe e animações busca explorar temas relacionados à Baixada Fluminense, com destaque para seu bioma: a Mata Atlântica.

Através das imagens, ele procura repensar a história e cultura locais, o cotidiano urbano e o universo rural, traduzindo para a arte a natureza e suas riquezas.

Quadrinhos sobre ancestrais da Baixada Fluminense

O seu mais novo trabalho é a história em quadrinhos Sambaquis da Baixada Fluminense. Sambaquis são sítios arqueológicos das populações humanas que habitaram o território correspondente ao litoral atlântico brasileiro entre 8 e 5 mil anos atrás.
Nesta HQ, que está sendo divulgada no site https://remybranco.wixsite.com/remy-branco, ele explora a identificação entre o leitor baixadense e esses habitantes que, em outro tempo, também se relacionaram com o mesmo território, com a fauna e flora.

O seu objetivo é propor repensar a relação dos moradores locais com o território onde habitam, preservando-o e atuando na sua manutenção.

Trabalho artístico comprometido

Destacam-se em seus trabalhos questões sociais ligadas à biologia: a denúncia do racismo ambiental, processo sofrido por populações de grupos étnicos minorizados, devido à degradação ambiental em decorrência do modelo capitalista.

Os pesquisadores do racismo ambiental alegam que pessoas pobres, pretas e indígenas são as mais atingidas pelos impactos da mudança climática.
Esse fenômeno se manifesta na Baixada Fluminense através da ocupação urbana não planejada, devido à falta de políticas públicas aplicadas à habitação, do desmatamento e uso predatório da terra por parte de governanças e indústrias.

Descobrindo o próprio território

Neste contexto, ele levanta reflexões sobre a enchente e seus impactos negativos, a degradação da fauna e flora da região e o abandono dos patrimônios materiais e imateriais do território.
Para o artista, a Baixada Fluminense passou a fazer parte da sua identidade de forma clara e consciente a partir do momento em que começou a conversar sobre morar e viver nela com pessoas dos outros municípios, como parentes e amigos próximos de São João de Meriti, Belford Roxo, Itaguaí e Mesquita.
Essas pessoas, mesmo distantes fisicamente, tiveram questões formativas semelhantes: enfrentamento de enchentes, dificuldade de mobilidade urbana e acesso aos bens e espaços públicos do Estado do Rio de Janeiro, carência de oportunidades de formação e empregos voltados para outras áreas que não a construção e a fábrica, além das diferentes formas de violência institucional.

 Levantar a bandeira da Baixada Fluminense

A partir desse processo, entrou em contato com artistas, pesquisadores, entusiastas e coletivos que procuram levantar a Baixada Fluminense como uma bandeira, a fim de conquistar melhores condições.

O artista procurou movimentos que também buscam valorizar as histórias, as experiências e os saberes marginalizados e evidenciar o que a Baixada tem de potência, para além de apenas problemas e violência.

Remy conta o que aprendeu com esse processo de troca com outros artistas e ativistas locais: “A Baixada, ela é um símbolo de poder onde construímos nossa identidade territorial, onde unimos nossas diferentes histórias e vivências em prol da solução de problemas compartilhados. Nesse processo, reconhecemos nossos saberes, nossos fazeres, nossas habilidades, nossa pluralidade.”

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