Projeto A Arte Gerando Renda terá vagas destinadas para pessoas trans

Alunas que participam do projeto, Bruna (verde) e a Fernanda Xuxa (azul).

Iniciativa promove geração de renda e empreendedorismo.

 Em comemoração ao Mês do Orgulho LGBTQI+, a partir do segundo semestre, o Projeto A Arte Gerando Renda irá destinar um percentual de suas oficinas profissionalizantes gratuitas para a pessoas trans. A partir de julho, a organização abrirá cerca de 600 vagas em cursos rápidos que promovem o empreendedorismo e capacitam para o mundo do samba – o foco é o Carnaval 2020. As aulas serão realizadas na Cidade de Deus e em Coelho Neto.

“Desde que foi criado, em 2014, as capacitações do A Arte Gerando Renda sempre foram abertas para todos os gêneros, mas a demanda de explicitar que somos inclusivos para pessoas trans surgiu de três alunas da Rocinha, Mia, Bruna e a Fernanda Xuxa. Elas se sentiram tão bem acolhidas que foi decidimos explicitar às demais que nossas atividades recebe a todos de braços abertos.”, afirma Marcello Andriotti, fundador da ONG Favela Mundo, responsável pelo projeto. O medo de possíveis perseguições faz com que muitas se afastem de possibilidades de crescimento profissional. Quando o Projeto A Arte Gerando Renda chegou a Rocinha, em abril, essas mulheres trans resolveram arriscar e hoje estão super entrosadas com os demais alunos.

Ao contrário do que esperavam, encontraram na instituição acolhimento e trouxeram à tona algo que é muito recorrente a população LGBTQI+, o medo de possíveis discriminações que os afasta de qualificações e de possibilidades. Pensando em casos como os de suas alunas, a partir do segundo semestre, a ONG Favela Mundo irá destinar 10% das vagas para suas oficinas. “Existe muito preconceito com pessoas trans sim, quero muito me capacitar, mas sempre tive dificuldades”, relembra Bruna Alcântara.

O relato de Bruna, é parecido com o de Fernanda Diorato, conhecida na Rocinha como Xuxa: “Muitas trans têm medo de procurar capacitação porque nos olham estranho, nos destratam, então ficamos com medo de se capacitar. Eu já trabalhava em um salão e não resisti com a oportunidade de cursar a oficina de maquiagem. Fui muito bem recebida por todos, se soubesse que seria assim, teria vindo antes”, aponta ela, que pretende fazer outras capacitações que o projeto oferece. Entre as opções ofertadas estão: Fantasias e Adereços, Maquiagem Social, Maquiagem Artística, Unhas Decoradas, Artesanato, além de Turbantes e Tranças afro. O projeto tem o patrocínio da Eudora, Kasznar Leonardos e apoio de O Boticário e no segundo semestre as empresas LAMSA, MetrôRio e Libra Terminais juntam-se a lista de patrocinadores.

O Projeto A Arte Gerando Renda – indicado ao Prêmio Marketing Best de Sustentabilidade 2015 – foi criado para gerar oportunidades para moradores de favelas que têm acesso a escolas de samba e muita vontade de trabalhar com arte, mas não possuem conhecimentos básicos para exercerem funções nas agremiações ou até mesmo para ingressar no mercado de trabalho, em salões de beleza. Cada curso têm a duração de dez semanas, com aulas semanais. Ao final, os participantes são certificados e podem estagiar em barracões de escolas de samba ou em produções teatrais. Os formados de 2018, tiveram a oportunidade de trabalhar nos desfiles da Mangueira, Salgueiro e Beija-flor em 2019.

REFERÊNCIA PARA A ONU

Em 2014, a ONG Favela Mundo foi reconhecida como um “Modelo de Inclusão Social nas Grandes Cidades”, no World Cities Day 2014, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Estados Unidos. Ao todo, a entidade já esteve presente, levando a bandeira de nosso país, em nove eventos no exterior, o último foi em Cuba, no início de maio deste ano.

SERVIÇO

Em comemoração ao Mês do Orgulho LGBTQI+, a partir do segundo semestre, o Projeto A Arte Gerando Renda irá destinar um percentual de suas oficinas profissionalizantes gratuitas para a pessoas trans. As aulas acontecem uma vez por semana no CRAS Rinaldo Delamare, que fica na Avenida Niemeyer 776, 8º Andar, na Rocinha.