Prêmio Dandara 2020

Prêmio Dandara 2020. Imagem: Pat Duarte, gentilmente cedida à ANF.

O Prêmio Dandara foi criado há 8 anos pela Associação de Costureiras do Morro do Cantagalo, em Ipanema, Zona Sul do Rio. Corte e Arte, com o intuito de dar visibilidade e incentivar mulheres que empreendem e se destacam dentro da comunidade. O evento é realizado sempre no mês de março, logo após o dia 08, fazendo parte das comemorações pelo Dia Internacional de Luta pelos Direitos da Mulher, e é apoiado pela Assessoria e Planejamento para Desenvolvimento (Asplande), que tem como representante a administradora Dayse Valença, uma defensora na luta pela igualdade feminina.

Neste dia, no espaço Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), Regina Fontes e Elizete Napoleão, as idealizadoras do prêmio, organizam uma confraternização entre mulheres, servindo um café da manhã e almoço, ao som de música, dança, alguns serviços, como o de auriculoterapia, trancista, entre outros e finalizando o festejo com a premiação.

O Prêmio Dandara, que é realizado desde 2012, já premiou cerca de mais de 500 mulheres, entre elas, a Vereadora Marielle Franco, no ano de 2017. A Vereadora foi receber seu troféu, que tem o formato de uma Boneca Dandara, no Morro do Cantagalo, onde ainda acontecia o evento. Regina Fontes, que além de idealizadora, é quem confecciona os troféus, fala muito emocionada da presença de Marielle na entrega do prêmio.

“A nossa querida Marielle! Ela foi premiada em 2017, esteve presente lá … chego até me arrepiar quando falo. Foi um dia maravilhoso com a Marielle lá, porque ela representa todas nós, e mesmo de longe continua nos representando”.

Dar visibilidade, incentivo e reconhecimento às mulheres que estão dentro das favelas ou nas periferias, na luta para tentar mudar um pouco suas realidades e de outras também, foi o que disse Elizete Napoleão: … “o objetivo dele é dar visibilidade e reconhecimento aquelas mulheres que estão dentro das comunidades, principalmente mulheres negras que tem pouca visibilidade”.

Dandara foi o nome escolhido para o prêmio em homenagem a rainha negra que lutou contra a escravidão, demonstrando a força da mulher, principalmente a mulher negra. E, sendo assim, para reafirmar essa força feminina, algumas mulheres fortes foram premiadas, como Ingrid Siss, uma jovem de 26 anos, criadora do projeto Casa Dona Amélia, que acolhe mães adolescentes, dando-lhes apoio psicológico e orientação de empreendedorismo. Elisangela Bandeira, pedagoga é militante na área de desenvolvimento comunitário, outra premiada, fala com orgulho sobre o reconhecimento que recebeu: “o Prêmio Dandara, pra mim, tem uma importância incrível, primeiro porque é mulher, e eu sou de uma família de pessoas pouco letradas, primeira universitária, primeira a ganhar prêmio e dar essa honra pra minha família”.

Elisangela ainda complementa dizendo que o prêmio é de grande importância, por ela ter vivido violência doméstica é ter conseguido superar e unir forças para lutar e ajudar outras mulheres, mostrando a elas que é possível ter um relacionamento saudável e uma família estruturada, por esse motivo, levou seu marido e seu filho para compartilharem juntos este momento.

Vários momentos emocionantes foram registrados na entrega do Troféu Dandara, como o de Angela Leclery, que é transfeminista e transativista, que aos 70 anos, luta pelos direitos de mulheres trans e cis e é diretora do Astra Rio, além de Madrinha Oficial do Projeto Capacitatrans-RJ. Ao receber seu prêmio ela fez um discurso forte e emocionante, sendo aplaudida por todos de pé. No fim do discurso, Angela Leclery beijou o chão do palco como forma de agradecimento pelo seu reconhecimento.

(…) “antes eu era famosa, agora eu sou importante, porque só recebe troféu quem é importante”…

Um outro momento emocionante do evento foi o de Tati Brandão, que representou Mônica Benício, viúva da Vereadora Marielle Franco, que não pôde comparecer ao evento. A mesma foi uma das premiadas com o Troféu Dandara, e enviou um texto que foi lido por Tati, que também era amiga da Vereadora, e estava bastante emocionada.

“Receber o Prêmio Dandara dos Palmares da Asplande é uma honra para mim e para luta das mulheres. É fundamental que reforcemos laços de cooperação e comunitarismo entre mulheres em uma rede de economia solidária”…

Em um outro trecho do texto, Mônica Benício relembra a os 2 anos de morte de sua esposa, a Vereadora Marielle:

(…) “Hoje, 14 de março, serão 2 anos da morte de Marielle Franco, minha mulher e vereadora que pautou a economia solidária em seu mandato. Receber o prêmio também significa celebrar sua memória e a sua luta”.

É notório que o Prêmio Dandara é mais um reforço na luta pelos direitos das mulheres, dando visibilidade, reconhecimento, incentivo e elevando a autoestima daquelas que estão dentro das favelas, que estão nas periferias lutando por igualdade. Por este motivo o evento que foi apresentado por Bia Carvalho e Cyntia Matos estava repleto de mulheres fortes com histórias de vidas inspiradoras é contou com a presença da Deputada Mônica Francisco, que discursou, falando da importância da premiação, reforçando o quanto se faz necessário dar cada vez mais visibilidade e reconhecimento a todas as mulheres, principalmente as mulheres negras. A luta contra a violência doméstica e feminicidio, que foi o tema deste ano.

Parabéns para todas as mulheres que não desistem nunca de lutar e fazer um mundo melhor, mais sociável para as futuras gerações de mulheres.

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Carla Regina
Sou estudante do último período da faculdade de Jornalismo, gosto muito de ler e de escrever. Me acho simpática, pelo menos é o que me dizem as pessoas quando me conhecem, mas creio que eu seja sim, pois adoro fazer novas amizades e conservar as antigas. Comunicativa, dinâmica e muito observadora, um tanto polêmica. Gosto muito de trabalhar em equipe, mas, dependendo da situação, a minha companhia para trabalhar também é ótima. Pois, na minha opinião, a solidão aguça a criatividade, fazendo com que a mente e os pensamentos fluam um pouco melhor. Comecei a trabalhar muito nova, ainda quando criança e já fiz muita coisa na vida, mas meu sonho sempre foi ser Jornalista e Historiadora, cheguei a ter muitas dúvidas de qual faculdade cursar primeiro, já que para mim as duas carreiras são maravilhosas. Então, resolvi entrar primeiro para o Jornalismo e no decorrer do curso percebi que cursar a faculdade de História não era só uma paixão, mas também uma necessidade para linha de jornalismo que que pretendo seguir. Como sou muito observadora e curiosa, as duas profissões têm muito a ver com minha pessoa. Amo escrever e de saber como tudo no mundo começou, até porque. tudo e todos tem um passado, tem uma história para ser contada.