Premiado na Tattoo Week, Urbano conta como iniciou na tatuagem

Urbano Tattoo, os dois troféus e sua tela humana, Diego Olgiat.
Urbano Tattoo foi premiado na Tattoo Week SP 2022, considerada a maior convenção de tatuagem do mundo
Urbano Tattoo, os dois troféus e sua tela humana, Diego Olgiat

Dos recitais de poesia no Sarau da Onça, em Sussuarana, até a maior convenção de tatuagem do mundo, em São Paulo. Urbano Tattoo, 24 anos, sempre esteve conectado com a arte, através do desenho, dos versos, do grafite e há sete anos da tatuagem. O tatuador foi o único a trazer para Bahia dois troféus da Tattoo Week SP 2022. O artista foi premiado em segundo lugar nas categorias Fechamento e Lettering.

Além das premiações em diversas convenções de tatuagem, Urbano Tattoo também é convidado para ser jurado de eventos e costuma esgotar as vagas para seus workshops teóricos e práticos de Preto e Cinza e Lettering. O artista conversou com a ANF e contou sobre como iniciou na tatuagem. Confira:

ANF: Quando você decidiu que seria tatuador e como se deu a concretização desse desejo?

Urbano Tattoo: Eu sempre desenhei, porém nunca tinha passado pela minha cabeça ser tatuador. Queria muito conseguir trabalhar com desenho. Porém, a tatuagem não era uma possibilidade pra mim porque eu tinha uma visão da tatuagem como um um trampo meio clandestino, que não não tinha um retorno financeiro, tá ligado? Então, não tinha muito esse sonho assim de virar tatuador. Eu tive contato com a tatuagem  muito cedo com meu pai fazendo uma tatuagem ali na casa do vizinho, porém era algo muito ‘trash’, uma parada muito amadora e não me despertava aquela vontade de ser tatuador. 

Só que depois eu tive um grupo de rap, quando já tinha 17 anos, mais ou menos, e me informaram que o DJ do grupo ia ser Silas, me contaram que ele tatuava. E aí, me despertou a vontade. Meio que despertou essa onda assim do nada, tá ligado? E no momento que eu conheci ele, foi que me deu o start de tatuar e aí eu fui e conversei com ele e pedi pra ele me ensinar a tatuar e foi com ele que eu tive os primeiros toques de como funcionava o processo ali de uma tatuagem.

ANF: Como a periferia influenciou na sua profissão e no trabalho que realiza hoje?

A periferia me deu formação. Porque acho que tudo na minha vida interligou uma coisa na outra. A minha postura, a forma de me posicionar, as minhas ideologias, as minhas crenças e tudo se deu por conta da onde eu vim né? Das pessoas que eu conheci e que me influenciaram também. Eu vim de sarau de poesia, fazia parte de debates e isso me ajudou na formação como pessoa, né? Então, me ajudou muito na minha postura profissional, até mesmo também na minha forma de dialogar, de conversar. Eu sempre fui muito tímido. E a poesia, esse contato com a literatura marginal, foi o que me deu essa desenvoltura de conseguir conversar melhor, me expressar e quebrar muitas dessas barreiras que eu tinha por conta da timidez. 

ANF: O que significa para você ser premiado na maior convenção de tatuagem da América Latina? 

Urbano Tattoo: Foi algo realmente inenarrável porque é validação né, véi? Acaba sendo uma validação do seu trabalho, tem esse lado negativo, esse lance de você ter que alcançar algo pra ter a validação do seu trabalho, porém pra mim é muito foda isso também por conta, de você ver aonde você chegou, tá ligado? Você viu que você conseguiu alcançar depois de muito trampo. Foi muito essa sensação assim de uma parada que eu nunca pensei e sonhei que eu ia conseguir realizar. Foi realmente essa validação, né? De você parar, olhar e falar: “o bagulho não foi em vão”, sacou?