Planalto vê punição a militares golpistas como democracia plena

Coronel Paulo Jorge Fernandes da Hora, identificado como da Guarda Presidencial e que ajudou invasores dentro do Planalto - Fotos - Reprodução.

Quem imagina neutralizadas as ameaças de golpe contra a democracia pode “tirar o cavalinho da chuva”. Uma simples vista d’olhos na mídia neste sábado 21 mostra que vem chumbo grosso por aí, as investigações policiais sobre a invasão dos três poderes têm revelado o que até agora foram mensagens cifradas como “forças armadas querem punir militares envolvidos”, “quem participou será punido, seja de onde for”, “como instituição, as forças armadas servem ao estado, segundo a Constituição”.

Desde a sexta-feira 20 a imprensa debate abertamente a grande presença de militares de várias patentes na marcha pela Esplanada dos Ministérios e também na invasão e depredação dos prédios da Praça dos Três Poderes. Na identificação fotográfica e de vídeo surgiu a imagem de um general estrelado já na reserva, vestindo camisa da seleção e ferido na perna, que é ex-comandante do Batalhão da Guarda Presidencial.

O registro aponta como terrorista precisamente o oficial graduado que teve o comando do batalhão responsável pela integridade do Palácio do Planalto, sede do Executivo, onde dá expediente a “cabeça” do governo. Precisamente ele invadiu e depredou o palácio pelo qual deveria zelar. É um caso isolado, dirá o general Sérgio Etchegoyen, que defende anistia geral para os envolvidos nos atentados de domingo 18. Mas não será o único caso, acrescento, as listas em poder da polícia estão cheias de nomes de militares da reserva e da ativa, como também familiares próximos e agregados.

Não é à toa que Lula quer a punição de todos eles, sem distinção, no que é secundado pelos ministros de estado, políticos e empresários sem culpa no cartório. Levada a sério a missão, lá adiante, no topo da pirâmide, estarão Etchegoyen e Augusto Heleno, os dois chefes da Segurança Institucional da Presidência da República nos últimos seis anos e talvez gente mais graúda na estrutura militar.

E a missão terá de ir até o fim, seja para punir todos os traidores da democracia que fracassaram agora, seja para que sirvam de exemplo e advertência para futuros aventureiros na trilha do golpismo. Concluído o processo de limpeza, o Brasil terá novo rosto para mostrar ao mundo – um rosto democrático de país sério e respeitável.