Piranhas Team: um time de artes marciais para mulheres e LGBTQIAP+

Integrantes do Piranhas Team em treino | Créditos: Divulgação
Integrantes do Piranhas Team pousando com a bandeira do arco-íris | Créditos: Divulgação

Da necessidade de ampliar espaços de convivência, capacitação e desenvolvimento de práticas coletivas saudáveis para mulheres e pessoas LGBTQIAP+, surge o Piranhas Team: um time carioca de artes marciais inclusivo e diverso. Atualmente, ele oferece treinos de jiu-jítsu e krav Magá.

A ideia é não apenas capacitar as pessoas com autoconfiança e consciência corporal, mas também dar vez e voz ao público feminino e LGBTQIA+ no universo dos esportes. 

As artes marciais, especialmente o jiu jítsu, que preza pela anulação de agressões de impacto e defesa pessoal através da submissão, são uma excelente ferramenta de autodefesa para grupos que estão suscetíveis a sofrer violência.

No entanto, o meio sociocultural em que elas se desenvolvem ainda é majoritariamente machista e heteronormativo. Ter um espaço para que essas atividades se desenvolvam livres das amarras do patriarcado é essencial para salvaguardar mulheres e pessoas LGBTQIA+ dos preconceitos que as oprimem historicamente.

Praticantes da inclusão

Clara Gomes, instrutora de jiu jitsu no Piranhas Team | Créditos: Hal Paes

Clara Gomes, professora, 32 anos, moradora da cidade de Niterói, é atleta de jiu-jitsu há quase 15 anos e a responsável por ministrar as aulas no Piranhas. Para ela, a turma é um veículo acolhedor da propagação da prática segura de artes marciais.

“Jiu jítsu é uma grande força motriz da minha existência, pela qual me expresso, me liberto e ajudo pessoas a se libertarem e serem as melhores versões de si mesmas.’’

Clara acredita na educação como forma de luta para avanço no respeito pelas mulheres e pessoas LGBTQIAP+.

“Vista grossa e enfrentamento agressivo não são eficazes para além da superfície do problema. Educar as próximas gerações a serem acolhedoras, tolerantes e respeitadoras das diversidades caminha lado a lado com a necessidade de elucidar e fomentar a reflexão daqueles que já estão mais consolidados e experientes no esporte e eventualmente carregam consigo referências de valores humanos questionáveis e equivocados.’’

Daniel Gabriel pousando com a bandeira trans | Créditos: Hal Paes

Daniel Gabriel,  29 anos, morador da cidade do Rio é um homem trans frequentador dos treinos de jiu jitsu da equipe. Ele fala que da primeira vez que competiu profissionalmente, passou pela processo de auto sabotagem, se comparando aos homens cis que eram seus adversários.

Mas, apesar disso, o episódio serviu como uma forma de evolução pessoal. “Eu perdi na minha primeira luta, mas ao mesmo tempo eu ganhei, ganhei no sentido de ter tido coragem, porque eu meti a cara mesmo sem saber fazer muita coisa.”

Ele conta que os treinos no Piranhas Team, por ser um lugar com diversidade, foram importantes para superar suas inseguranças relacionadas às questões de identidade de gênero dentro dos esportes e construir segurança em si mesmo para competir novamente. Essa confiança vai para além do tatame.

Relações sociais

Daniel também conta sobre a amizade, característica notável no time. Ele fez amigos que com quem tem uma ótima relação. “Quando eu estou no tatame eu estou com a minha família. E eu gosto muito.”

Ele diz que isso não quer dizer que não exista competição entre eles. Estão treinando, e existe a vontade de, além de brincar com os amigos, ganhar deles. Mas a diversão também está no combate. Competir entre amigos, sem os ver como inimigos é, para ele, um aprendizado que ganhou com o esporte. 

Para o atleta, o time é um espaço acolhedor para pessoas transgênero. “Acredito que é muito importante pra as pessoas trans participarem do Piranhas, é uma promoção de saúde, bem-estar, e uma promoção de comunidade”.

Serviço

O time oferece aulas de jiu jitsu e krav magá. Para participar das aulas basta fazer contato com Hal Paes, fundador e gestor do projeto, pelas redes sociais (Instagram, WhatsApp e Facebook) para agendar aulas experimentais e se matricular.

Integrantes do Piranhas Team em treino | Créditos Divulgação