Paraisópolis: onde o apoio do governo não chega

Vista da favela de Paraisópolis - Foto: Rodrigo Vilar

Segundo o Instituto Pólis, a favela de Paraisópolis, na cidade de São Paulo, teve um aumento de 237% no número de mortes por Covid-19 entre maio e agosto. No início do período avaliado, Paraisópolis tinha números inferiores à média da capital. Segundo a líder comunitária Rejane Santos, na favela não chegou nenhum apoio do governo e toda ajuda para a população de Paraisópolis veio de empresas privadas e pessoas físicas que se mobilizaram. “Implementamos 12 medidas preventivas no bairro. Nelas, cada um dos 665 presidentes de rua são responsáveis por 50 famílias, encarregando-se, também, de trazer as demandas, acionar ambulância e entregar informativos para as famílias”, explica.

Os envolvidos nas ações em Paraisópolis contribuíram para a distribuição de máscaras, álcool em gel, cestas básicas e marmitas. Foi formada uma equipe com 240 brigadistas, assim como a contratação de três ambulâncias com médicos, paramédicos e enfermeiros. “A comunidade sempre foi bem mobilizada, nós já tínhamos este problemas muito antes da pandemia. Com a crise, o problema ficou ainda maior. Nosso desafio é manter a rede de apoio para garantir o básico para ajudar os moradores. As doações já diminuíram muito”, afirma Rejane Santos. Além disso, Paraisópolis conta com uma casa de apoio, telemedicina e programas de apoio a refugiados, diaristas e de incentivo ao comércio local.

No dia 1° de junho, a capital paulista entrou na fase laranja da quarentena, possibilitando a reabertura gradual do comércio. Em Paraisópolis, porém, a realidade é diferente. “Não existe fazer quarentena na comunidade. As casas são pequenas e vivemos em um aglomerado de pessoas. Outra questão é a falta de estrutura para ficar em casa, o que leva o morador a querer trabalhar ou sair pra buscar ajuda”, disse Rejane. Para efeito de comparação, Paraisópolis possui 10km² de área, equivalente a metade da área do município de Nilópolis, no Rio de Janeiro. O bairro tem 21 mil casas e mais de 100 mil habitantes.

Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Saúde para entender os motivos da ausência do governo municipal em Paraisópolis, porém até a conclusão dessa matéria não obtivemos resposta.

Esta matéria foi produzida com apoio do Fundo de Auxílio Emergencial ao Jornalismo do Google News Initiative.