Orca encalhada é sacrificada no litoral baiano

Baleia morta na Bahia. - Divulgação

Uma baleia orca fêmea pesando cerca de duas toneladas encalhou na Praia de Guarajuba, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, próximo ao Litoral Norte, ontem, 1º. Ela já chegou na praia bem debilitada e com ferimentos, o que comprometeu a sobrevivência.

Depois de tentar por quase 24 horas voltar ao mar, mas sem forças para romper o impacto da maré, e de ter aplicados medicamentos pra amenizar as dores dos ferimentos nas nadadeiras, a baleia não reagia, então, a equipe de biólogos e veterinários que trabalhavam no possível resgate, decidiram pelo sacrifício do animal através de anestésicos via endovenosa. Este foi o primeiro caso na região metropolitana da capital este ano, mas, no estado já foram registrados três casos parecidos.

Segundo a Médica Veterinária, Larissa Pavanelli, do Instituto Mamíferos Aquáticos, que acompanhou toda tentativa de resgate e também sobre a decisão da eutanásia, “as orcas são animais cosmopolitas que já foram registradas em todos os oceanos, porém ainda há poucos registros na região da Bahia. Os cetáceos encalham por uma série de motivos que variam de perda parental a patológicas, que os leva a um quadro de debilidade impedindo a sua sobrevivência na água, os fazendo buscar áreas secas para não afogarem. No caso desta orca, a condição corpórea ruim, debilidade e forte odor na expiração sugerem um quadro de doença pulmonar, porém só teremos resposta após a necropsia”.

Após o procedimento de eutanásia ética, com uso de fármacos anestésicos, a carcaça foi conduzida para Necrópsia, com finalidade de tentar elucidar os fatores que levaram ao encalhe. Serão feitas análises de vírus, bactérias, protozoários e contaminantes, além de da detecção de alterações em órgãos e tecidos e análise de história de vida como idade e dieta,

As orcas são odontocetos, membros do mesmo grupo dos golfinhos que, diferente das baleias, possuem dentes. Esses dentes são utilizados para estimar a idade do animal, através de uma técnica que lê as camadas de crescimento dentário. A eutanásia é de responsabilidade da instituição que responde ao encalhe, que deve ser um membro da Rede de Encalhes de Mamíferos Aquáticos do Brasil (REMAB), na ocasião representada pelo Instituto Mamíferos Aquáticos (IMA) e pelo Projeto Baleia Jubarte, e tem autonomia sobre essa decisão por sua capacidade técnica de avaliação.

No caso de espécies ameaçadas de extinção (que não é o caso da orca), é solicitada também a autorização do centro especializado, no caso o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos (CMA/ICMBio).

O Biólogo Tiago Freitas diz que “pelas características do animal, possivelmente seja um filhote, e que tenha se perdido do grupo, enquanto caçava. Os órgãos competentes e que estudam baleias retiram amostras para conhecer um pouco sobre o estado do animal. As ossadas muitas vezes são usadas para estudo ou até mesmo exposição. Já participei de uma limpeza de ossada de uma baleia que a princípio foi enterrada e depois de algum tempo desenterrada para limpar os ossos e monte o esqueleto para exposição”. Tiago Freitas, é integrante do Instituto Fundo Limpo e professor de Biologia do Ensino Médio e Curso Técnico da Área de Saúde.

O corpo do animal ficou protegido para evitar aglomeração de pessoas não autorizadas no local, como também para inibir qualquer tentativa de cortarem a carne para consumo, com risco à saúde. O cuidado e alerta se dá inclusive pelo fato ter ocorrido algo parecido no ano passado, quando uma jubarte morreu encalhada na Praia de Coutos, Subúrbio Ferroviário de Salvador.

Eu tirei bastante carne e guardei na geladeira. Devo ter o suficiente para passar uns dois meses sem ir no açougue. Eu quis aproveitar a oportunidade, usei meu facão e tirei o quanto pude. Já comi um pouco desde o dia que tirei, gostei do sabor, tem gosto de carne de boi e, ao mesmo tempo, de peixe”, contou  Jorge Silva, de 28 anos, morador da região de Coutos.

Baleia Jubarte, morta em 2019. Crédito:Projeto Baleia Jubarte
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Paulo de Almeida Filho
Jornalista, Especialista em Comunicação Comunitária, Mestre em Gestão da Educação, Tecnologias e Redes Sociais - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Editor da Agência de Notícias das Favelas. Pesquisador do CRDH- Centro de Referência e Desenvolvimento em Humanidades - UNEB - Universidade do Estado da Bahia. Professor de Pós Graduação, em Comunicação e Diversidade, na Escola Baiana de Comunicação. Assessor da REDE MIDICOM- Rede das Mídias Comunitárias de Salvador. Membro do Grupo de Pesquisa TIPEMSE - Tecnologias, Inovação Pedagógicas e Mobilização Social pela Educação. Articulado Comunitário do Coletivo de Comunicação Bairro da Paz News. Membro da Frente Baiana pela Democratização da Comunicação. Integrante do Fórum de Saúde das Periferias da Bahia. Membro da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito- Núcleo Bahia. Integrante da Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores Coordenador Social do Conselho de Moradores do Bairro da Paz, EduComunicador e Consultor em Mídias Periféricas.