Ônibus que não circula há três anos continua ativo para a prefeitura

Sumiço de linhas de ônibus acontecem desde antes da pandemia, no Rio - Foto Mailson Antunes

O sumiço de linhas de ônibus tem sido assunto frequente no cotidiano carioca. Agora, moradores de Ramos relataram o fim da linha 928, que ligava o bairro a Marechal Hermes, e, além disso, as estações do BRT Santa Luzia e Viúva Garcia foram fechadas em maio, deixando os moradores sem opção de transporte. De acordo com Júlia Freitas, moradora do Parque Itambé, em Ramos, a linha 928 já não roda há três anos. “Sem o 928 e o BRT temos que andar aproximadamente 6 km para ter acesso aos bairros adjacentes”, completou.

Segundo o líder comunitário do Parque Itambé Matheus Silveira mesmo com o sumiço da linha o cadastro dela continua ativo na Secretaria Municipal de Transportes. “A linha de ônibus 928 atendia cerca de 10 mil pessoas somente da comunidade Parque Itambé”, disse. De acordo com Júlia a informação que foi passada para os moradores era a de que a Secretaria Municipal de Transportes alegou que iria fiscalizar a situação, “mas até hoje nada foi feito tanto pela SMTR quanto pelo Ministério Público”.

Como informado aqui, moradores da zona norte carioca estão sendo muito afetados com o sumiço das linhas de ônibus. Problema que vem deste antes da pandemia, como o caso da linha de Ramos, e que aumentou durante este ano. Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Transportes do Rio de Janeiro para entender os motivos do sumiço da linha 928 e do fechamento das estações do BRT que atendiam o bairro de Ramos, a qual respondeu em nota:

“A Secretaria Municipal de Transportes esclarece que a linha 928 (Marechal Hermes – Ramos) não foi baixada no sistema e deveria estar circulando em atendimento à população. Por isso, será alvo de nova fiscalização. O consórcio Internorte, responsável por sua operação, foi autuado mais de 200 vezes só neste ano por inoperância ou circulação com frota reduzida. Ao longo de 2019, o consórcio recebeu 1.985 autuações por irregularidades na prestação dos serviços à população.

A Secretaria está atenta à irregularidade, que configura infração gravíssima e tem previsão de multa no valor de R$ 1.846, e tem atuado com rigor junto aos consórcios para que cumpram suas obrigações contratuais, promovendo o necessário remanejamento da frota no caso da descontinuidade de serviços. A pasta também está revendo os contratos de concessão e desenvolvendo um amplo levantamento com o objetivo de readequar a frota e as linhas de ônibus de acordo com as necessidades atuais da população, tendo em vista que a licitação foi realizada há 10 anos e a cidade passou por inúmeras transformações e episódios relevantes, como a atual pandemia de coronavírus, que provocou a maior crise mundial de mobilidade dos últimos 50 anos.

Em relação às estações do BRT, a SMTR tem empenhado esforços para que a empresa, que tem obrigações contratuais a cumprir, recupere e devolva à população as estações que tiveram que ser fechadas por vandalismo. Vale destacar a importância da cooperação dos usuários para manter o bom estado das estações e terminais. Se os equipamentos não forem usados de forma responsável e consciente, os passageiros poderão ser afetados pela suspensão dos serviços para a necessária reforma do local”.