“Olha Elaaa” empreendedorismo feminino de impacto

Créditos: Divulgação

Capacitação e empoderamento de mulheres

Empoderar mulheres e promover a equidade de gênero é o caminho para fortalecer e impulsionar efetivamente o desenvolvimento sustentável do mundo. Essa é a visão de Saulo Eduardo, um dos criadores do projeto de impacto social Olha Elaaa.

O projeto nasceu em 2019, e teve sua execução no ano seguinte, a partir de um aporte financeiro da instituição holandesa Orange Angel e apoio institucional da ONG Água Doce Serviços Populares.

Buscando criar oportunidades para mulheres de baixa renda conquistarem a tão sonhada independência financeira, o programa é composto por oficinas integradas voltadas para qualificação profissional e o chamado “empreendedorismo de impacto”, oferecendo uma capacitação voltada não só para o mercado de trabalho, mas uma formação libertadora que procura trabalhar questões do universo feminino.

Oportunidade para mulheres da Baixada Fluminense

A ação tem uma motivação pessoal muito grande para Saulo, que teve sua trajetória de vida marcada pela violência doméstica. Isso fez com que ele transformasse seu trabalho em um propósito de vida, entendendo que só é possível acabar com tamanha violência a partir da criação de oportunidades, como empregos.

Saulo Eduardo é graduado em Dança na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e coordena as atividades do Olha Elaaa na Baixada Fluminense com o Dr. Emmanoel Boff, professor titular em Economia na UFF (Universidade Federal Fluminense).

Independência financeira e combate a violência domestica

A ideia do projeto surgiu a partir de uma comunidade online criada para falar sobre a liberdade que o prazer pode gerar às mulheres, quebrar tabus em relação ao seu corpo e aos preconceitos à sexualidade feminina, recuperando sua autoestima.

“Realizamos uma série de conteúdo online e discussões ligadas à temática até percebermos que as mulheres apresentavam resistência ao se abrirem sobre o assunto. A partir disso, nos questionamos sobre como as mulheres poderão se sentir livres para explorar o seu prazer se o Brasil enfrenta altos índices de relacionamentos abusivos, violência doméstica e feminicídio”, conta Saulo.

Com isso, entenderam que muitas delas eram reprimidas por viverem relações machistas, de dependência financeira e emocional. Dessa forma, criaram o Olha Elaaa para dar uma oportunidade de se empoderarem de suas vidas.

Principais regiões impactadas Caxias e Magé

Em sua primeira versão, a capacitação “Olha Elaaa Poderosa” impactou mulheres nas regiões de Magé e Caxias, com duas oficinas técnicas voltadas para o mercado de trabalho: design de crochê, onde as alunas desenvolveram técnicas voltadas para a construção de acessórios e criação de coleções, onde a primeira criada por elas chamou-se “Frida na Baixada” e as próprias alunas foram as modelos.

Já a segunda oficina teve foco em manutenção de casas. Nesta, as alunas aprenderam técnicas de pintura, hidráulica e elétrica para realizar pequenas reformas domésticas. O objetivo dessa última era inserir as mulheres em profissões dominadas majoritariamente por homens. A moradora de Santa Dalila- Magé (RJ), Mônica Teixeira, de 54 anos, foi uma das impactadas pela iniciativa.

 Entrei no curso decidida a mudar essa história e consertar o que fosse preciso em minha casa, sem depender de homem nenhum. O Olha Elaaa mudou minha vida e minha percepção com relação ao futuro completa Mônica.

“Olha Elaaa Conectada”

Hoje, elas possuem um grupo profissional que oferta serviços de pequenos reparos chamado “Elaaas reformam”.

E agora, nessa nova etapa, que está sendo realizada este ano, o programa de formação se chama “Olha Elaaa Conectada” tem o foco na oficina das técnicas de reparo e manutenção de casas, atreladas ao conhecimento de marketing digital para criar relacionamentos e desenvolver uma identidade de marca online, fazendo com que as alunas cresçam exponencialmente em suas ideias.

“Integrado a essas oficinas, temos educação financeira, para que elas aprendam a administrar essa área em suas vidas, e também jogos corporativos para trabalharem o cooperativismo.Além de acompanhamento psicossocial e aprendizados sobre o mundo do empreendedorismo de modo a desenvolverem suas ideias de negócios” comenta Saulo Eduardo.

O movimento cresceu e, em 2021, se conectou à incubadora de negócios de impacto social “Jumpp”, idealizada e apresentada por Eitan Amorim.

O projeto foi reformulado para o “Oficina Delaaas” que, além das capacitações pontuais já iniciadas, implementará um programa audiovisual em formato de “Talk Show”, no estilo DIY (faça você mesmo), que será apresentado por uma mulher cis, uma transexual, uma lésbica e uma evangélica.

A programação abordará temas de construção e design, onde serão demonstradas técnicas de manutenção e reparos prediais domésticos, enquanto abordam e debatem assuntos relevantes ao universo feminino.

“O programa oferecerá um nível de interatividade virtual e presencial inédito, onde espectadoras co-criarão quadros para o programa e terão participação dos lucros do mesmo. E criação bonificada de uma ferramenta de reinserção de ex-presidiárias no mercado de trabalho.” comenta Saulo animado.

Mais projetos serão lançados pela incubadora, utilizando de programas de audiovisual como o Favela Fashion, um  “Reality Show” de revelação de talentos de estilistas moradores das favelas de cada estado, além do Papo de Favela Empreendedora, Moeda de Favela e Reseta Favela, para atualizar a comunicação/português, educação financeira/matemática e eliminar crenças limitantes do público-alvo, objetivando potencializar e acelerar o processo de absorção dos conteúdos, minimizando a defasagem de ensino de forma descontraída e customizada.

Contando com um nível de interação virtual e presencial, gamificação e bonificação inéditos, em ambiente que promova a identificação deste público.

Inovação Social Sustentável

Em janeiro deste ano, a Incubadora foi apadrinhada pelo Instituto Gênesis (PUC-RIO), ganhando o edital Favela Inteligente da Faperj, e convidado a participar do 1.º Parque de Inovação Social Sustentável da Rocinha, constituindo e integrando o seu comitê, em conjunto com o coordenador geral do Parque de Inovação.

Foi contemplado também com um curso de extensão em formação de gestores de organizações sociais do Instituto de Economia da UFRJ, que contará com o apoio do Instituto Gênesis (PUC-RIO), Fecomércio e Senac.

“O objetivo é conseguir expandir, primeiramente, para outras comunidades, e depois para as Zonas Norte e Oeste, para só então ampliar para outros municípios que enfrentam altosíndices de desemprego, e mirar o Brasil todo” finaliza Saulo.

Para saber mais sobre o movimento e seus desdobramentos, acesse: https://www.instagram.com/olhaelaaaoficial/