O Rio e a criminalização da pobreza

choque de ordem

Desde que a cidade do Rio de Janeiro foi escolhida para sediar os chamados grandes eventos (Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Olimpíadas) a insana guerra ao tráfico de drogas nas favelas e morros do Rio de Janeiro foi transformada em perseguição aos cidadãos mais pobres e necessitados, principalmente da periferia. Remoções, endurecimento para alvarás de vendedores ambulantes, internação compulsória e outras aberrações políticas, vem infernizando a vida de milhares de pessoas. Os governos estadual e municipal vem promovendo uma verdadeira caça às bruxas. E por bruxas, entenda-se pobres favelados e de periferias.

Instalação de UPPs sem planejamento sócio econômico, sucateamento da educação e hospitais públicos, falta de uma política social que atenda pelo menos as principais necessidades dos desassistidos, internação compulsória de usuários de crack, perseguição a vendedores ambulantes, e agora essa ideia estapafúrdia da prefeitura em encurtar o itinerário de ônibus da zona norte cujos pontos finais eram em bairros como Leblon e Ipanema.

Numa mistura explosiva de gentrificação e higienização social, os mais necessitados tem sido as maiores vítimas dessa política covarde do governo. Montaram uma operação policial muito bem feita para colocar essas pessoas na criminalidade. A prefeitura e o governo do estado do Rio de Janeiro montaram uma nefasta aliança entre a famigerada SEOP (Secretaria Especial de Ordem (?) Pública), Guarda Municipal, PM e o Lapa Presente. De dia a Guarda Municipal e SEOP reprimem pequenos ambulantes na Central do Brasil e centro da cidade. Alguns carros da Secretaria de Assistência Social, levam compulsoriamente moradores de rua para abrigos da prefeitura que ficam a mais de 50 quilômetros de distância do centro do Rio. E o pior de tudo é que é uma repressão extremamente violenta, onde agentes públicos distribuem bordoadas em jovens, velhos, mulheres, crianças e sobra porrada até para portadores de necessidades especiais. A noite da Lapa não é muito diferente; enquanto agentes do Lapa Presente se preocupam com usuários de drogas e um ou outro assaltante, o Choque de Ordem vem para reprimir ambulantes, atirando suas mercadorias nas caminhonetes com muita violência, com direito a bomba de efeito moral, gás de pimenta e arma de teaser.

Vivemos uma crise de empregos no país onde os menos qualificados são os mais prejudicados. Com o ensino público falido há tempos, e com a extinção de vários cursos profissionalizantes, muitas pessoas não tem a menor chance de conseguir um emprego. Então são obrigadas a ingressarem na informalidade,  correndo o risco de perder toda a mercadoria para o famigerado Estado. O que me deixa mais furioso é ver os governantes falarem em economia criativa e similares. Economia criativa para quem, cara de pau?