Cisticercose, cólera, disenteria, febre tifoide, filariose, giardíase, leishmaniose, leptospirose, peste bubônica, salmonelose, toxoplasmose, tracoma, triquinose e outras mais… pode até parecer, mas estas doenças não foram tiradas da música dos Titãs. Essas doenças, com esses nomes estranhos, são relacionadas ao lixo doméstico. É isso aí… O meu lixo; O seu lixo.
Você já parou para imaginar os transtornos que o nosso lixo causa? Além de questões que comprometem a saúde da população, a falta de políticas públicas sérias e eficazes desencadeia uma série de problemas como poluição das águas, contaminação do ar, assoreamentos nas encostas de rios e córregos, presença de animais transmissores de doenças, mau cheiro e problemas sociais – vida sub-humana dos catadores nos lixões. O lixo, hoje, é um dos maiores problemas da sociedade moderna.
Cada chicletes, papel de bala ou garrafinha de água que jogamos pela rua pode até parecer inofensivo, afinal, é só um “lixinho”, mas imagina uma população inteira de uma cidade como o Rio de Janeiro – com mais de 6 milhões de habitantes – jogando um “papelzinho” no chão. Certamente, todo esse lixo que jogamos em qualquer lugar é uma das principais causas das enchentes na cidade. São centenas de colchões, sofás, entulhos, restos de madeira, etc. Isso tudo impede o fluxo da água causando enchentes e as consequências são essas doenças que podem levar a morte. Além disso, o lixo depositado nas encostas dos morros causa deslizamento de terra.
O serviço de coleta de lixo não é eficiente como deveria e não cumpre suas funções em certas regiões – principalmente nas mais pobres. No entanto, não está correto jogar lixo nas encostas, nos terrenos baldios, nas margens dos rios, ou nas esquinas dos bairros ou comunidades. O papel do cidadão é cobrar solução dos líderes comunitários, das associações de moradores, do vereador eleito pelo seu voto porque essas pessoas são o elo da população junto aos órgãos responsáveis.
A prefeitura tem que dar conta deste serviço, arcar com suas responsabilidades e a população deve cuidar do seu lixo com mais consciência. Armazenar o lixo que ainda será coletado em contêineres apropriados ou latões com tampas, por exemplo, é dever de cada um. Os resíduos nunca devem ficar expostos para não atraírem insetos ou outros animais. Correto mesmo seria um trabalho em conjunto – população/poder público – para reciclagem e compostagem da maior parte desse lixo.
Tudo indica que ações políticas acerca desse tema estão sendo feitas. Será que sai do papel? De acordo com o site Valor Online, a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, informou que o governo federal vai lançar um programa para implementar a Política Nacional de Resíduos Sólidos regulamentada em 2011. Uma das resoluções deste projeto é que até 2014 os lixões serão substituídos por aterros sanitários – locais onde o lixo fica armazenado sem causar maiores danos – e haverá investimento e incentivo para reciclagem e cooperativas de catadores de lixo. Este Projeto de Lei pode ser consultado neste site: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/501911.pdf.
Com isso, espera-se mais eficiência e modernidade na coleta e reciclagem do lixo porque ele também pode gerar emprego e renda. Novos sistemas e o envolvimento da população podem tornar nossas cidades mais sustentáveis, muito menos poluídas e sem riscos de contaminação de doenças. Enquanto esses novos projetos não são implantados cada cidadão deve ter mais responsabilidade com o armazenamento de descarte de seu lixo.