O carnaval é nosso

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Quando foi anunciada a vitória do prefeito Marcelo Crivella no último pleito, a grande interrogação era se ele, enquanto representante de um eleitorado mais conservador, mudaria a cara do Rio. Mas o cenário atual é de retrocesso, principalmente no que diz respeito ao carnaval.

Sou folião há pouco tempo, coisa de dez anos pra cá. E eu nunca vi a nossa cidade nesse estado de abandono. Apesar de constatar que a estrutura de rua é maior que no ano passado, o que vi nesse fim de semana foi um descaso completo por parte dos órgãos públicos municipal e estadual.

No último sábado, em Santa Teresa, o tradicional bloco do bairro Céu na Terra desfilou na sua comemoração de 20 anos de vida. A quantidade de banheiros químicos nas ruas do bairro era menor que nos anos anteriores. CET-RIO para controlar o trânsito? Nem pensar. Apesar do desfile maravilhoso, a única vez em que a presença da Prefeitura se fez nota foi quando brutamontes da Riotur apareceram no cortejo para dizer que o bloco tinha hora para acabar.

A uma semana do carnaval, o dia de ontem não foi muito diferente em matéria de abandono e descaso do governo municipal. O também tradicional Cordão do Boitatá fez seu cortejo de pré-carnaval pelas ruas do centro, e a falta de estrutura era tão gritante quanto em Santa Teresa, a começar pela pouca quantidade de banheiros químicos, mais uma vez. Porém, ao contrário do dia anterior, um pequeno pelotão da tropa de choque da Guarda Municipal rondava as ruas à caça de… Mijões! Vi dezenas de pessoas reclamarem de terem sido assaltadas ou furtadas, mas ninguém foi detido ou preso.

No Aterro do Flamengo, um bloco de música sertaneja levou milhares de pessoas ao local, transformando os bairros da Glória, Catete e adjacências num verdadeiro caos urbano. Nesses bairros, também não havia banheiros químicos suficientes, e o Metrô Rio fechou algumas estações.

Antes, eu achava que era só incompetência. Agora, tenho certeza de que está além disso. É a mais pura e sórdida intenção de deixar a cidade abandonada para que, se houver uma tragédia, o Bispo anuncie mais cortes ou a total repressão à cultura do Rio de Janeiro.

Mas eles não vão conseguir. Esse fim de semana foi a prova de que a rua é nossa, apesar do governo municipal querer matar de vez a alma carioca. Vamos resistir e lutar para que nosso direito a um carnaval limpo e seguro seja mantido. O carnaval carioca é muito maior que um prefeito que, além de ser um péssimo governante, parece odiar as tradições do Rio de Janeiro e os habitantes dessa cidade.

Salve o Zé Pereira!