O Brasil que eu não quero

Crédito: Reprodução internet.

Depois de ter sido provocado pelo André Fernandes, há um tempinho, após a rede Globo fazer aquela campanha onde ela mostra os vídeos seletivos, escrevi em um momento de reflexão o inverso, sobre o país que não desejo. Pela caneta que me guia, segue a poesia marginal:

O país que eu não quero
tem criança prostituída,
desnutrida, caminhando sem rumo
pela vida bandida.

Paradigma é ver morto
o pobre e preto.
Ver que o mecanismo opressor é o mesmo
que nos priva de nossos direitos.

Entre as mães que choram
pelos filhos que não vão voltar
com o silêncio do quarto
e as coisas no mesmo lugar.

Esse é o país que eu não quero,
mas próspero, que devemos lutar.
Por isso me regenero,
mesmo que o preço seja meu fim, com dois tiros no peito,
faço minha parte.
Prefiro morrer com honra, que viver como covarde.
Espírito de Guevara,
sem vocação pra Bonaparte.

Nossa condição pro antigo escravo
não é tão diferente.
Só que antes prendiam os pulsos,
hoje dominam as mentes.
Te faz pensar que o inimigo
é o menino soldado,
mas não passa de mais um cão adestrado.

O país que eu não quero
tem uma pá que reclama,
mas na hora de agir
você vê quem tá na trama.
Fala que político não presta, é tudo ladrão,
mas se omite quando os bons
são vítimas de execução.

Só quem é tá ligado
então, acredite
a boca se cala, só que Marielle vive.
Se meu destino é o mesmo,
demorou, não pega nada.
Eu tô pela verdade e minha filha tá bem cuidada,
enquanto o tiro ecoar
minha boca grita :
O DIABO VESTE FARDA, NÃO CONFIO EM POLÍCIA.
Que mata mais em todo mundo, dizimando pobre e preto
também é a que mais morre, só que em outro contexto.

Quando PM é abatido
perto da quebrada,
já é motivo pra chacina ser justificada.
Faço das minhas palavras
meu poder de denúncia,
mas não vou agradar
quem quer minha renúncia.

O país que eu quero tem saúde e educação
e promove ação social
pro pobre ter ascensão.
Se esse for o país que você também quer
demorou, tamo aí, assim que é.

Enquanto tiver sangue correndo nas artérias,
tô pelo oprimido e pela favela.
Ideologia não muda, é uma só,
batalhando todo dia
por um mundo melhor.