Nota da FAFERJ Federação de Favelas do Rio de Janeiro sobre a presença da Polícia Militar na sede.

Créditos - André Fernandes

Em nota a FAFERJ se pronunciou sobre a presença do policial militar no momento que acontecia o encontro que reuniu lideranças para debater medidas do Governo que atingem a favela.

“Na ultima terça-feira, dia 19 de fevereiro fomos surpreendidos com a presença de uma guarnição de policias militares em nossa sede durante a realização da plenária de resistência contra a reforma da previdência, contra a licença para matar do ministro Moro e contra o genocídio dos jovens negros nas favelas.
Esses policiais compareceram a nossa sede sem mandado judicial. Quando foram indagados sobre o motivo de sua abordagem responderam que gostariam de mais esclarecimentos sobre a plenária e seus participantes. Nós da FAFERJ não fornecemos nenhum tipo de informação e reivindicamos nosso direito de reunião garantido por nossa constituição federal. Ressaltamos que nossa plenária estava sendo realizada em espaço particular e que não era necessária a presença de policiais armados no local. Cabe destacar que em nenhum momento a polícia militar agiu de forma violenta.
Embora a abordagem tenha sido realizada de forma tranquila, nós da Federação de Favelas do Rio consideramos grave a presença da PM em nossa sede durante a plenária popular. Esse ato pode ser interpretado como uma forma de intimidar os movimentos sociais participantes da plenária e demonstrar que estamos sendo monitorados e vigiados pelos órgãos de repressão do governo.
São episódios como esses que mostram o quanto nossa democracia está fragilizada e revelam também os resquícios da ditadura militar no cotidiano da vida de nosso povo.
Não vão nos Intimidar! Convocamos os favelados e faveladas do Brasil a lutar contra a reforma da previdência, contra a licença para matar do ministro Moro e contra o genocídio da juventude negra nas favelas e periferias do Brasil. Não queremos trabalhar até a morrer, merecemos aposentadoria digna. Queremos nossos jovens das favelas vivos, com saúde e nas escolas. Não queremos um pacote anticrimes que legaliza o caixa dois e dá ao policial a licença para matar nas favelas.
Reivindicamos ao novo governo federal uma intervenção social com escolas, creches, cultura, lazer, comida e emprego para nossa juventude. Não existe outro caminho que não seja investimento maciço em políticas sociais nas favelas. As favelas do Rio não estão em guerra, pois não declaramos guerra a ninguém. A nossa luta é contra as desigualdades sociais que sugam tudo que nós produzimos com suor de nosso trabalho.
Vamos seguir organizando povo para a luta. Abaixo a reforma da previdência! Viva a soberania popular!”
Rio de Janeiro 22 de fevereiro de 2019.
FAFERJ – Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro