Normalizando o abandono da Baixada Fluminense

Nada que possa ferir os direitos humanos deve ser normalizado, mas na Baixada Fluminense, mais precisamente em Duque de Caxias, um desses inúmeros casos ganhou a atenção de ativistas da localidade. 

As ruas esburacadas e a falta de saneamento básico entregam o descaso público com os mais de 25 mil moradores de quatro favelas de Saracuruna. Uma delas, traz uma história familiar dolorosa e, mesmo assim, sem nenhuma solução tomada ao longo dos anos. 

O trágico episódio aconteceu na rua Guarajanga, no bairro de Jardim Rosário, favela do Coréia. A família de Octávio de Assis assistiu o falecimento de seu patriarca por falta de assistência do SAMU, que alegou não conseguir chegar até o local pela falta de asfalto. 

Crédito: Eduardo Fernandes

“Meu Pai estava acamado e no dia que passou mal não conseguimos ser atendidos. Sair com ele naquelas condições era ruim, pois ainda tínhamos que lutar contra as valas a céu aberto. Foi triste demais” relatou Angela de Assis, filha de Octávio. 

A história parece atual, mas faz mais de 35 anos. Até hoje o problema não foi resolvido pelos representantes políticos. Pior que o fato ocorrido, acontece ao verificar a localidade no mapa da prefeitura municipal, onde a rua consta como asfaltada. 

“Olha, ninguém mais quer assinar abaixo assinado. Não dá para acreditar que isso aqui irá mudar. Começamos os nossos pedidos eu tinha 18 anos e estou com mais de 50 primaveras. Meu finado marido seguiu a mesma lógica. Impossibilitado, não pode ser removido e acabou nos deixando” finalizou Angela. 

Na caminhada feita pela localidade encontramos um criador de animais, que nos falou sobre a dificuldade de cuidar de seus bichos por conta da falta de seus direitos básicos, o que desanima o morador na busca pelo retorno financeiro. 

“Hoje eu cuido por amor aos animais. Não há como ter lucro. Os animais não conseguem evoluir. Acabo gastando meu suado dinheiro e não consigo fazer ele girar. Todos os criadores de animais estão desistindo. É um grande descaso” disse Paulo Antônio. 

A perspectiva dos habitantes da favela do Coréia é de que as coisas mudem em 2023. Essa confiança ocorre por conta da Secretaria de Periferias, inserida no Ministério das Cidades, no Governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda não anunciada de maneira oficial, mas confirmada pelo Deputado Federal Guilherme Boulos, em sua rede social.

Gostou da matéria?

Contribuindo na nossa campanha da Benfeitoria você recebe nosso jornal mensalmente em casa e apoia no desenvolvimento dos projetos da ANF.

Basta clicar no link para saber as instruções: Benfeitoria Agência de Notícias das Favelas

Conheça nossas redes sociais:

Instagram: https://www.instagram.com/agenciadenoticiasdasfavelas/

Facebook: https://www.facebook.com/agenciadenoticiasdasfavelas

Twitter: https://twitter.com/noticiasfavelas

Joaquim Azevedo 

Fotojornalista desde 2010 (UERJ) com base em esportes de alto rendimento, cultura e religião. Atuou em veículos como GE e Jornal Povo do Rio. É Escritor, Produtor Cultural, Ativista Sociorreligioso e Fundador da Associação Odara Social.