Não matem o meu carnaval

Musa da Acadêmicos do Grande Rio durante o carnaval 2017 na Sapucaí. (Créditos: Julianne Gouveia / ANF)

Faltando duas semanas para o Carnaval, a população do Rio se pergunta: como vai ser a festa popular mais importante do ano para a cidade? Depois de tantas mudanças por parte da Prefeitura, como a retirada de patrocínio de escolas de sambas e blocos e anunciar que iriam contratar cerca de três mil seguranças para coibir e reprimir vendedores ambulantes não cadastrados pelos patrocinadores do carnaval, não se sabe o que esperar.

A prefeitura tem se esforçado bastante na sua cruzada para descaracterizar o modo de viver do carioca. Ano passado, no seu primeiro carnaval como prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Crivella interrompeu uma tradição da cidade ao se recusar a passar simbolicamente a chave da cidade ao Rei Momo. Mal sabíamos que era só o começo.

A Prefeitura tirou o patrocínio do carnaval de rua, mas gastou R$ 3 milhões de reais para obras no Parque dos Atletas, no chamado Blocódromo. Anunciaram com pompa a contratação de blocos e artistas que se apresentariam no local. Porém, de uma hora pra outra, a Riotur anunciou que as apresentações foram adiadas para junho. Ou seja, esse ano, teremos uma micareta cristã.

Prevejo muita confusão também se vigorar a ordem para que seguranças particulares apreendam mercadoria de vendedores ambulantes. É lógico que isso vai dar problemas. Como se não bastasse a repressão dos agentes da Guarda Municipal e da Secretaria de Ordem Público (SEOP) sobre os ambulantes, colocar segurança privada para proteger marca de empresa é algo muito surreal.

Faltando duas semanas para o carnaval e apesar da cidade estar com uma programação de rua extensa, o Centro do Rio estava jogado às moscas ontem à tarde. Vários blocos se apresentaram nos Arcos da Lapa, omo o Céu na Terra e o Sargento Pimenta ao meio dia, com milhares de pessoas no local, e não havia a presença de um guarda municipal ao menos. À tarde, o quadro se repetiu no cortejo do Rio Maracatu.

Na Rua Uruguaiana, onde pelo quinto ano seguido, o bloco Tambores de Olokun fez sua apresentação no penúltimo domingo antes do carnaval, a área estava totalmente desprotegida, apesar da presença de alguns agentes do Centro Presente no Largo da Carioca.

Parece que o prefeito está mandando um recado para os chamados blocos não oficiais, como quem diz: “vocês podem até botar blocos na rua, mas quando fizerem isso, estarão por conta própria”.

O bispo mostrando o quanto odeia o carnaval…