Moradores têm suas perguntas respondidas pelos candidatos à prefeitura do Rio de Janeiro

Gostaria de perguntar aos candidatos, de que forma o futuro Prefeito pode interferir para que não haja mais casos de abuso de poder por parte da Polícia Militar nas comunidades? E o que os senhores estão planejando para as áreas que ainda não foram pacificadas?
Renato Oliveira – Parque União

Eduardo Paes (Coligação Somos um Rio) – No que cabe à prefeitura, apesar da polícia militar estar sob gestão do Governo do Estado, temos contribuído dentro da nossa área de atuação para que o cidadão se sinta mais seguro na sua cidade. A prefeitura contribui com o pagamento das gratificações dos policiais que atuam nas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs). A bonificação é primordial para incentivar os profissionais e aumentar sua autoestima, o que reflete diretamente na relação com as pessoas no seu dia a dia de trabalho. Além do nosso apoio incondicional nas bem sucedidas políticas de segurança implementadas pelo Governo, investimos na urbanização de áreas degradadas e na manutenção e conservação de espaços públicos, com serviços como poda de árvores e iluminação, transmitindo maior segurança tanto para a população quanto para os policiais que atuam nas comunidades. Continuaremos, ainda, levando serviços e infraestrutura para comunidades pacificadas, por meio do programa UPP Social, e também criamos meios para combater a desordem nas ruas da cidade, como as Unidades de Ordem Pública (UOP). Vale lembrar que a prefeitura está atuante também em áreas ainda não ocupadas pelas UPPs. Um bom exemplo é o projeto Escolas do Amanhã, já presente em 152 unidades de toda a cidade. Para se ter uma ideia da importância desse trabalho, 31 escolas do segundo segmento, localizadas em comunidades ainda não pacificacadas, tiveram um crescimento de 28,2% nas notas do Ideb. Outra ação importante que estamos fazendo em comunidades pacificadas e não pacificadas é o Morar Carioca, levando infraestrutura para 55 áreas da cidade. Somente nestes primeiros quatro anos, 252 mil pessoas estão sendo beneficiadas, e levaremos condições mais dignas a 560 mil moradores, independente de haver unidades de polícia pacificadora.

Marcelo Freixo (PSOL) – Renato, nós entendemos que as medidas que interferem na Segurança também partem das iniciativas do prefeito, e não apenas do governador. No link abaixo, você tem acesso a nossas propostas na área de Segurança. Os abusos de poder por parte da PM são históricos, e precisam ser enfrentados a partir do diálogo com as políticas de segurança dos governos estadual e federal, com quem manteremos uma relação republicana, cordial. Quanto às áreas de UPP, queremos estruturar as UPPs sociais – instituí-las de fato. Queremos criar uma relação com a sociedade onde a Segurança Pública seja vista em seu sentido de garantia de direitos, gerando dinâmicas de participação popular. Para as áreas que não contam com UPP, também vamos trabalhar com a lógica de garantia de direitos, e de retomada de território via educação, saúde, cultura e estímulo à economia local. Nas áreas controladas por milícias, pretendemos cortar os braços econômicos desses grupos mafiosos, fazendo, por exemplo, licitações individuais de vans. Leia nossas propostas para a área de Segurança. Nosso planejamento está muito bem explicado ali.

Rodrigo Maia (Coligação Um Rio melhor para os cariocas) – Nosso governo atuará firme na garantia dos direitos humanos. Para isso vamos criar as Casas de Cidadania e justiça em diversas comunidades de nossa cidade. Estes espaços contarão com a presença de vários serviços de atenção ao cidadão, como Defensoria Pública, para mediar conflitos comunitários e familiares. A Prefeitura atuará de maneira preventiva e inteligente para construir uma segurança cidadã. Atuaremos em todas as comunidades, retornando com as cozinhas comunitárias, os guardiões dos rios e outros projetos sociais abandonados pelo atual Prefeito. Vamos trabalhar para que as UPPs cheguem as comunidades da Zona Oeste e Zona Norte, esquecidas pelo governo.

Aspásia Camargo (PV) – Renato, a diminuição de qualquer violência acontecerá na proporção em que as comunidades estiverem mais integradas à cidade. E segurança não se faz só com poder de polícia e repressão, mas investindo para prevenir situações que colaboram com a violência: ruas pavimentadas, iluminação, ordem pública e intensas ações sociais, fundamentalmente voltadas para a juventude e nas comunidades ainda não pacificadas. Cultura, opções de lazer, educação de qualidade são os antídotos para a criminalidade e a insegurança.

Cyro Garcia (PSTU) – Em primeiro lugar é preciso acabar com a política das UPP’s. As Unidades de Polícia Pacificadora trocam a opressão do tráfico pela opressão da polícia, e instituem uma pena de morte informal aos jovens negros e trabalhadores das comunidades. É uma política fascista do Sr. governador Sèrgio Cabral e do seu secretário José Mariano Beltrame, que tem como objetivo remover os pobres das áreas nobres da cidade, onde as grandes empreiteiras podem produzir lucros milionários com a especulação imobiliária. A polícia deve ser comunitária, com comandantes eleitos nas próprias regiões onde vão atuar, com mandatos revogáveis. O trabalhadores saberão, melhor que ninguém, escolher pessoas de sua confiança para trabalharem na segurança dos locais onde vivem. Ao invés das UPP’s, é preciso levar às comunidades escolas e hospitais de qualidade, saneamento básico em toda a cidade, uma política de empregos – com a criação de uma empresa de obras públicas – e, é claro, investir em um programa de habitação popular vantajoso para os trabalhadores, que não os leve para longe de onde vivem e não os deixe endividados.

Fernando Siqueira (PPL) – Tratar do assunto com o Governador e assegurar que os direitos constitucionais sejam respeitados nas ações da Polícia Militar. Enquanto poder constituído tomar todas as medidas necessárias para coibir práticas que fujam a legalidade. Não gosto da palavra “pacificar”, pois a enorme maioria dos moradores das comunidades é pacífica e trabalhadora. Não obstante é imperativo que o poder público volte a ocupar qualquer território que porventura esteja sob o controle de milícias ou traficantes.