Michelle volta só e retoma a vida sem os sobressaltos do poder

De agasalho claro, Michelle Bolsonaro chega ao aeroporto de Brasília - Reprodução da TV

Michelle está de volta a Brasília, de onde saiu com o marido para a Flórida, no dia 30 de dezembro passado. A principal consequência disso foi a mudança de Carluxo do hotel onde está hospedado longe da madrasta e divide agora o exílio dourado com o pai na mansão do ex-lutador José Aldo, em Kissimmee. Para quem não sabe, é uma cidade de menos de 80 mil habitantes perto de Orlando sem atrativos maiores do que o ponto de turismo temático para brasileiros, em cuja fachada a placa avisa “Aqui se hospedou o presidente do Brasil Jair Bolsonaro”.

A ex-primeira-dama desembarcou muda e seguiu calada para a casa de familiares  provavelmente em Ceilândia. Se Michelle não falou à imprensa, o presidente do Partido Liberal, Waldemar da Costa Neto, disse à CNN que ela pode ser candidata à presidência no lugar de Bolsonaro, que voltará ao país no fim do mês, e que planos para impedir a posse ou derrubar Lula “estavam na casa de todo mundo” e passavam de mão em mão no entorno do presidente. Em algumas oportunidades os dois falaram sobre o assunto, mas sempre “dentro das quatro linhas”.

Ao mesmo tempo, a Polícia Federal cumpriu mandatos de prisão e de busca e apreensão em várias cidades, tendo por objetivo desbaratar a rede de apoio e sustentação financeira dos terroristas golpistas. Entre os novos detidos está Maria de Fátima Mendonça Jacinto Souza, 67 anos, a “vovó quebra-tudo”, como chama uma parte da imprensa. No dia 8 último, ela estava vestida com uma bandeira e nem parecia a idosa condenada por tráfico de drogas que cumpriu pena em Santa Catarina.

Também esta manhã, Lula reuniu em Brasília os governadores para reafirmar os princípios democráticos do seu governo na relação com as administrações estaduais, o respeito entre os entes federativos, a harmonia entre os poderes e tudo o que vem costurando desde os primeiros encontros na busca “da normalidade”, como diz. Ao final, passou a palavra ao vice Geraldo Alckmin, que mal começou a falar faltou luz – pura implicância, nada de boicote.

E na esfera militar, o novo comandante do Exército visitou em São Paulo o antecessor, submetido a cirurgia na próstata no dia seguinte a sua ruidosa exoneração, numa demonstração de que está tudo dentro da normalidade no quartel. O ministro da Defesa, por sua vez, procura uma saída honrosa para o general demitido na forma de um posto à altura da sua biografia militar. E assim caminha o país para um fim de semana de sol e praia, vôlei e bate-papo no Leme, sem conspirações nem conchavos, apenas procurando advogados para conhecidos pegos por Alexandre de Morais.