Luiz Alano é o primeiro negro a narrar jogos da Libertadores em TV aberta no Brasil

Luiz Alano, quase 30 anos de narração esportiva, contratado pelo SBT para narrar jogos da libertadores- Foto: UOL

Pesquisa feita pelo site “Vai da Pé” revelou que, em 2018, apenas 3,7% dos apresentadores de TV brasileiros eram negros. Luiz Alano, 43 anos, é mais um negro a mostrar seu talento numa grande emissora. Ele foi contratado, em setembro, pelo SBT para narrar jogos da Libertadores da América em 2020. “Foi um convite surpreendente, por uma emissora surpreendente”, comenta.

Com quase 30 anos de narração esportiva, larga experiência no rádio e diversas transmissões no currículo em veículos de comunicação, incluindo canais fechados de TV, o catarinense Luiz Alano, rompe a barreira sulista, racista e preconceituosa dos profissionais de imprensa e se torna o primeiro negro a narrar jogos da primeira fase da Libertadores no Brasil. “As pessoas estão prontas, falta oportunidade. “Muitas vezes, em viagens e cabines, me perguntavam quem seria o narrador da noite, não acreditavam que era eu”, diz.

Na adolescência, Alano tentou ser jogador de futebol, tendo o pai, Adãozinho, como exemplo dentro das quatro linhas. Aos 13 anos, bastante alto para sua idade, ele jogava como zagueiro, mas a paixão pela narração falou mais forte. Em contato com o rádio desde cedo, ouvindo os narradores comentarem o nome do seu pai após os gols, não deu outra, ele se tornou narrador esportivo.

Aos 14 anos, Alano começou a trabalhar como operador em uma emissora de rádio, em Tubarão, Santa Catarina, um faz-tudo na rádio. Com 15 anos, apresentou o primeiro programa ao lado do narrador Paulo Garcia, tendo como inspiração, narradores como Luciano do Valle e Galvão Bueno.

Alano diz que é possível perceber que a presença de negros em grandes empresas têm aumentado ao longo dos anos, principalmente mais recente, em diversos setores e dentro do jornalismo também.

Durante muitos anos, o que faltou foi oportunidade, está melhorando, mas ainda está longe do ideal. “A gente sabe que o fator social pesa. Não tive condição financeira para me formar cedo, para ter cursos. Só consegui procurar um curso de inglês depois dos 30 anos. Não me formei na faculdade. Tranquei meu curso de jornalismo no sexto semestre por falta de condição financeira, não tava dando para pagar”, diz.

Alano comenta que, quando vai entrar no ar, fãs negros enviam mensagens de boa sorte, desejando um bom trabalho, e ficam nervosos também. “Alguns dizem que quando é meu jogo, suam frio e torcem para que dê tudo certo. Sinto uma energia tão grande, positiva, um amor vindo de todos os guetos do Brasil, a torcida por mim. É isso que me faz ter compromisso. Me deram uma chance, é um único tiro, uma bala só. Ele precisa ser certeiro. Eu não posso errar”, diz.

Com informações do Uol Esporte.