Laila Arêas: artista plural aos 10 anos de idade

Exemplo de inspiração, a menina cria através de diferentes linguagens artísticas.

créditos: Tiago Nascimento

Fruto do ex – casal, Lenita Arêas, artista visual, atriz e produtora cultural, e do multiartista
Marcelo Gularte, Laila Arêas logo cedo demostrou que não veio ao mundo a passeio. Pois com menos de três anos de idade já recitava William Shakespeare, pegava os figurinos da peça de teatro da mãe e encenava o texto de Nelson Rodrigues de cor e salteado, causando espanto em todos.

Ao ingressar à escola, logo se destacou com sua criatividade. Mas, foi aos 7 anos de
idade, após ir à Bienal do Livro em 2017 onde seu pai estava lançando um livro, que a menina no dia seguinte indo à escola disse: “Na próxima edição da Bienal eu irei, lançando meu livro”! Laila se mudou com a mãe para a cidade cinematográfica de Nova Friburgo poucos meses depois.

Por conseguinte, nas férias do meio do ano, acompanhou seu pai que iria participar de uma mesa na FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty. No instante em que seu pai se preparava para iniciar, da primeira fila da plateia, levantou, foi até o palco e pediu para ficar no palco também.

Seu pai relutou para que aguardasse sentadinha, mas não teve jeito, Laila conseguiu participar e no meio da palestra começou a pedir para falar ao microfone, deixando seu pai desesperado e sem saber o que fazer. Até que ela pegou o microfone e disse que iria autografar os livros quando terminasse o bate-papo, pois tornou público a promessa que seu pai havia feito que, caso vendesse a caixa de livros, compraria um monte de lembranças para ela levar pra casa.

Juntou um monte de gente, numa fila para ter o livro autografado pela menina e ela teve seus cinco minutos de fama. Como é atravessada pela arte, à cultura e o saber dois lados, foi nas férias de 2020 pouco tempo antes de eclodir a Pandemia, que a menina disse ao seu pai sobre o projeto de fazer um livro.

Voltando do Teatro Cândido Mendes em Ipanema, quase chegando em casa, parada para atravessar à rua Laila, bradou: “Se a vida é um sopro, que seja um vendaval!” Seu pai ouviu, ficou em silêncio, impressionado com o que havia escutado, esperou passar uns minutos e perguntou o que ela havia dito e Laila reiterou o nome, dizendo que seria o título do seu livro.

Gularte ficou assombrado com a profundidade do pensamento, extremamente filosófico, parabenizou a criança, mas ao chegar em casa já foi ligando o computador para ela iniciar os trabalhos. Laila disse que só iria mexer no dia seguinte, que estava cansada e queria tomar banho, comer e dormir. No dia seguinte quando acordou estava tudo pronto para iniciar o livro e não teve desculpa.

Dessa forma nasceu seu primeiro livro que conta a história da pequena Kênia, uma menina gênio. A obra ainda segue inédita, foi roteirizada para o cinema num projeto de animação, mas ainda segue sem a publicação, o que acabou tirando um pouco do estímulo do projeto novo subsequente, uma trilogia que está em construção.

Em paralelo, Laila puxou o assunto de fazer um filme para passar na Netflix. Com a explicação, seu pai ficou surpreso e, achou que fosse pelo fato de ter lançado um filme recentemente, pois a filha tinha participado do evento no Estação Net Rio em Botafogo, numa noite super badalada da Mostra promovida pela Cavídeo chamada “Estréias Cariocas”.

Então achou que pudesse ser uma brincadeira, ou coisa do gênero, a fértil imaginação do universo infantil. No entanto, a menina começou a descrever cenas, recitando palavras em latim, perguntado significado e insistindo que faria o filme em Friburgo. O pai viu que se tratava de algo sério e foi alimentando a ideia com perguntas e elucidando que não tinha orçamento para levar uma equipe até Friburgo para gravar, além do que a menina tinha a exigência de ser um longa- metragem e ela seria a protagonista da história.

Segundo ela, seria em plano sequência, bastava só seguir sua ideia. Depois de muita luta para fazê-la entender como funcionava o processo das filmagens, que conseguiu convencê-la a transformar o longa num curta, e mais ainda, realizar o filme na Zona Oeste, em especial, na COHAB de Realengo. Com muito custo ela aceitou, mas com a condição que a história continuaria até os 75 minutos desejados.

Por fim, eis que com o auxílio do pai que, iria produzir e dirigir o filme juntaram os amigos e conseguiram adaptar o original idealizado a região serrana, para “Terras Realengas”, que significa terras distantes, o significado da palavra Realengo, bairro onde o filme foi rodado.
Depois veio um novo roteiro, “A Pequena Griot” será rodado em 2021, com direção do seu pai com o Cid César, criador do projeto Cinemão.

Como veio a Pandemia, seu pai se juntou com o diretor Anderson William e fizeram o longa “A Pandemônia” inspirado no trágico momento da Covid-19, Laila fez 10 anos de idade e voltou para o Rio para ficar um tempo com seu pai e atuou no filme, já com a ideia na cabeça de fazer um filme, “Mais Um Que Se Vai”.

Foi para Friburgo passar as festas de fim de ano, quando voltou em janeiro foi para fazer seu quarto filme, dando vida a personagem Maya, uma menina rebelde que foge de casa, após cansar das sucessivas brigas de família. Agora se prepara para fazer outra personagem, a Estela, no filme “Dos pés à Cabeça”, argumento e roteiro do seu pai, que dividirá a direção com o escritor e cineasta Ricardo Rodrigues, um dos cabeças do Cinema de Guerrilha da Baixada Fluminense.