Justiça pra quem?

Interrogação Créditos - Reprodução

Nas últimos dias, vimos três decisões judiciais que mostram bem como a justiça brasileira encara os cidadãos de periferia ou favela.

Primeiro foi a decisão do Superior Tribunal Militar que concedeu a liberdade a nove dos doze militares envolvidos na morte, no Rio de Janeiro, do músico Evaldo dos Santos Rosa e do catador de materiais recicláveis Luciano Macedo. Eles estavam presos desde abril por ordem da Justiça Militar.

Mesmo com todas as provas e depoimentos de testemunhas, dez ministros do STM decidiram pela soltura dos militares que efetuaram mais de 80 tiros no carro da família do músico e executaram o catador de materiais recicláveis.

Em São Paulo uma juíza absolveu dois PMs acusados de executar um homem que era ex presidiário. Apesar da perícia comprovar que a vítima foi morta com vários tiros nas costas, a juíza paulistana promove um verdadeiro show de horrores em sua sentença. Debocha da vítima, atesta que nem o fato do rapaz não apresentar vestígios de pólvora nas mãos e as marcas de tiro pelas costas, configuraria uma execução. E não foi a primeira vez que essa juíza absolve policiais envolvidos em homicídios. É dela também a absolvição de cinco PMs acusados de executar dois pichadores num prédio da Zona Leste em 2014. A sentença foi dada em 2017. Alex Dalla Vecchia e Ailton dos Santos foram mortos a tiros pelos agentes, que alegaram que eles iam roubar o prédio que pichavam.

Semana passada um juiz do fórum do Rio de Janeiro, absolveu os policiais militares que foram flagrados por um cinegrafista anônimo, executando um jovem traficante e depois forjando a cena do crime colocando a arma no homem já caído e atirando para forjar um auto de resistência.

Auto de Resistência aliás é o premiado filme do casal Natasha Neri e Lula Carvalho.

Um documentário sobre os homicídios praticados pela polícia contra civis, no Rio de Janeiro, em casos conhecidos como “autos de resistência”.

O filme acompanha a trajetória de personagens que lidam com essas mortes em seus cotidianos, mostrando o tratamento dado pelo Estado a esses casos, desde o momento em que um indivíduo é morto, passando pela investigação da polícia, até as fases de arquivamento ou julgamento por um tribunal do júri.

Um filme que deveria passar nas televisões brasileiras em horário nobre.