Justiça bloqueia bens de acusado da morte de Marielle

Ronnie Lessa e Élcio Queiroz em foto da polícia, recolhida na internet

Preso com seu comparsa na penitenciária de segurança máxima de Rondônia desde junho do ano passado, Ronnie Lessa, apontado como assassino da vereadora Marielle Franco, teve R$ 3,5 milhões em bens móveis e imóveis bloqueados pela justiça na noite de terça-feira, 3. Entre eles consta a casa do condomínio Vivenda da Barra, avaliada em R$ 1,25 milhão e vizinha à do presidente Jair Bolsonaro, na Barra da Tijuca, no Rio.

A lista dos bens bloqueados a pedido do Departamento de Combate à Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro corresponde à metade dos R$ 7 milhões em nome de Lessa, parentes e laranjas, incompatíveis com a renda de qualquer um deles. O senador Flávio Bolsonaro tenta, mais uma vez, parar as investigações.

Ex-sargento da Polícia Militar fluminense, Lessa foi reformado em 2009, depois que uma bomba dentro de um carro tirou-lhe uma perna quando também trabalhava para um bicheiro carioca. Ele foi alvo de denúncia anônima à Delegacia de Homicídios carioca em 15 de outubro de 2018 informando que um ex-PM de nome Lessa, conhecido como “Perneta”, matou a vereadora por encomenda no valor de R$ 200 mil.

O ex-sargento foi preso com o também PM reformado Élcio Queiroz, que o buscou no condomínio da Barra horas antes do assassinato de Marielle. Élcio não tem parentesco com o Fabrício Queiroz, o das “rachadinhas”, mas está envolvido no esquema, apontado como administrador do dinheiro no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj.

As investigações sobre o esquema do atual senador Bolsonaro foram suspensas em julho do ano passado por sua solicitação atendida pelo presidente do Supremo, Dias Toffoli. Mais de cem nomes pararam de ser investigados até novembro, quando voltaram a ser liberadas por decisão do próprio tribunal.

A Polícia Civil do Rio está convencida de que Ronnie Lessa e Élcio Queiroz são importantes no Escritório do Crime chefiado pelo ex-PM Adriano da Nóbrega, morto em 9 de fevereiro na Bahia e cuja mãe e ex-mulher foram assessoras nomeadas por Flávio Bolsonaro quando deputado estadual.

Treze telefones celulares de Adriano estão na polícia carioca e espera-se que falem muito sobre a vida de crimes de vários personagens da trama intrincada que se formou em torno da execução da vereadora, em 14 de março de 2018.

A defesa do senador Flávio Bolsonaro voltou a tentar paralisar as investigações na segunda-feira, 2, com um habeas corpus para reanálise da questão do foro privilegiado. No mesmo dia, apresentou um recurso para reverter a derrota no mês passado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, segundo a jornalista Monica Bergamo em sua coluna desta quarta-feira.