Intervenção não é solução

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Decretada há uma semana pelo presidente Michel Temer, após o pedido do Governador do Rio de Janeiro, Luís Fernando Pezão, que declarou um caos na segurança pública no estado – uma onda de arrastões na Zona Sul durante o carnaval foi notícia no país e no mundo – , isso nos remete a diversas reflexões.

Em primeiro lugar, o Rio de Janeiro não é o estado mais violento do país, mas é um dos principais pontos turísticos. Se o exército intervém na segurança, não é pra garantir o nosso direito de andar livremente e seguros, mas para que o turista possa desfrutar da sua estadia e acreditar que os problemas sociais aqui inexistem. Em segundo lugar, Michel Temer declarou que utilizará recursos federais, se for necessário, para que o responsável pela operação Walter Souza Braga Netto utilize em prol da intervenção. Por outro lado, escolas e hospitais seguem em estado crítico devido à falta de recursos, o que reflete o interesse partidário do presidente, já que nos encontramos em ano eleitoral e a aprovação de Temer é muito baixa, quase inexiste.

Mas, a questão que fica é: Quem mais sofre com a intervenção militar? Não é preciso ser um gênio para saber.

Na última sexta-feira (23), militares ocuparam três comunidades da Zona Oeste. Um pedreiro teve o dia de trabalho perdido, após estar a caminho do serviço e ter sido abordado por militares que o fizeram voltar para casa e buscar seus documentos. O trabalhador só carregava a própria marmita e, após o atraso, o patrão o mandou de volta para casa.

O intuito da operação é tentar prender suspeitos de terem matado na terça (20) o sargento do Exército, Bruno Albuquerque Cazuca, durante um arrastão em Campo Grande. Foi divulgado, também, que um dos objetivos era combater a corrupção dentro da polícia militar, mas, se tornaram comuns as reportagens de sargentos e outros militares do exército irem presos por porte ilegal de armas.

Então, se o objetivo fosse realmente combater o crime, deveria começar dentro do próprio exército. Se a estratégia for combater o crime, deve começar pelos políticos que contribuem para o tráfico – os chamados deputados e senadores. Será que uma criança deveria ter a mochila revistada quando está a caminho da escola? Estaríamos caminhando para o retrocesso? Não podemos esquecer que o exército passou 14 meses no Complexo da Maré para a instalação do projeto que o ex-governador Sérgio Cabral trouxe da Colômbia e batizou de UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), mas o nome não fez jus à paz. Seria a paz sucessível à guerra?