Falta de material ameaça quem trabalha nos hospitais

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A Associação Nacional de Hospitais Privados, Anahp, alertou o Ministério da Saúde em reunião na quarta-feira, 1º, sobre o próximo fim do estoque de equipamentos de proteção individual aos seus profissionais em todo o país. Três quartos dos 122 filiados não terão estoque em menos de um mês e 20% já não têm estoque algum.

Eduardo Amaro, presidente da Anahp, disse que a produção local desses equipamentos “é uma das alternativas mais rápidas e seguras para que o setor consiga garantir o atendimento à população neste momento e preservar os seus profissionais”. A falta de máscaras e luvas cirúrgicas e álcool em gel, além de máscaras N95, de estrutura mais robusta, compromete não só o atendimento como a integridade dos profissionais da saúde.

O Conselho Federal de Enfermagem, Cofen, registrou 2.600 denúncias de falta, escassez e restrição de equipamentos de proteção a enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Há relatos, inclusive, de proibição de uso do material existente no hospital, para prevenir o pânico na população atendida.

Entre os que fizeram denúncias, 87% relatam a falta de máscaras do tipo N95 ou PF2, indicadas para casos da doença, e a falta do álcool em gel em 28%. Além disso, em 51% dos locais denunciados, faltam de quatro a sete tipos diferentes de materiais, como luvas, gorro e álcool.

O Hospital Albert Einstein e o Sírio-Libanês já afastaram 452 funcionários. O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo afastou 125 por infecção. O hospital utiliza, em média, 5.700 máscaras, mas o coronavírus aumentou para 40 mil máscaras. O consumo de álcool em gel passou de 1.330 litros para 6.700 litros mensais; aventais, de 15 para 45 mil, e toucas, de 105 mil para 211 mil.

O Ministério da Saúde estuda buscar equipamentos na China em aviões da FAB, já que os de carreira são insuficientes pela diminuição dos voos regulares. Outra alternativa é contratar aviões cargueiros, o que seria mais dispendioso do que a Força Aérea.

“Vamos ter sérios problemas de abastecimento”, disse o médico Carlos Morel, ex-presidente da Fiocruz, que hoje negocia a importação na Ásia de insumos para a fundação, vinculada ao Ministério da Saúde, e outros para órgãos do país.

“O capitalismo selvagem vai se impor. Cada país vai querer se proteger. A pressão sobre as empresas chinesas está no nível máximo e os preços sobem de um dia para o outro”.

Morel diz que as companhias chinesas já começaram a avisar que muitos equipamentos, como leitos hospitalares, só poderão ser entregues em junho.