Guerra ou genocídio?

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Há quase duas semanas, a polícia do Estado do Rio de Janeiro declarou guerra à favela do Jacarezinho, na Zona Norte da cidade. Desde a morte de um agente da Core em 11 de agosto, a vida de milhares de pessoas que moram ali se transformou em um inferno diário.

A morte do policial Bruno Guimarães Buhler, conhecido como Bruno Xingu, está envolta em um mistério digno de um filme de suspense. Informações não confirmadas dão conta de que ele havia denunciado colegas que estariam recebendo suborno em algumas favelas. Mas o que ocorre hoje no Jacarezinho é quase o mesmo que aconteceu no início do ano na Cidade de Deus, quando um helicóptero da PM teve uma pane e caiu. Policiais acreditaram que a aeronave havia sido derrubada por traficantes, e a seguir se viu uma banho de sangue em uma mega operação de vingança.

Esse método de combate ao tráfico todos nós conhecemos muito bem. Sempre foi assim no Rio de Janeiro. Quando um policial morre numa comunidade dominada por traficantes, a vingança é sempre desproporcional e sangrenta. Como esquecer a Chacina de Vigário Geral, quando 21 pessoas foram cruelmente assassinadas por um grupo de policiais do 9º BPM em represália ao assassinato de quatro agentes dentro de uma viatura – policiais que estavam esperando por traficantes para pegar o famigerado arrego?

Isso tudo sempre aconteceu com o silêncio conivente, para não dizer cúmplice, da grande mídia e da chamada sociedade civil. Sim, essa sociedade que sempre virou às costas para o cotidiano de milhares de pessoas que moram em periferias e favelas do país. Para coroar o que vem acontecendo, um jornal de grande circulação acaba de decretar uma guerra após a chegada de tropas federais à cidade. Tudo isso acontece para referendar e justificar os abusos que irão crescer nessa campanha militar criminosa.

O que estamos vivenciando não é guerra, e, sim, a banalização da vida de milhares de pessoas que moram nessas localidades. As vidas nas favelas importam!