Freio da arrumação para acomodar as abóboras

Acampamento em frente a quartel em Curitiba se desfaz sem uso da força - Foto da Internet

Lula anuncia a primeira reunião do ministério como uma espécie de “freio de arrumação”, que o motorista dá para ajeitar as abóboras na carroceria antes de engrenar a viagem na estrada. Quatro frutos da aboboreira foram identificados logo nos primeiros dias do governo: Flávio Dino, José Múcio, Carlos Lupi e Rui Costa.

Os dois primeiros se desentendem sobre o que fazer diante dos acampamentos bolsonaristas na frente de quartéis do Exército; e os segundos discordam sobre reforma da Previdência. Esta última divergência é mais fácil de resolver, basta Lula cortar as asinhas de Lupi com um telefonema afiado: “Ô Lupi, se você continuar com essa conversa, eu vou ter que fazer a primeira reforma ministerial”.

O desentendimento entre Múcio e Dino é mais complexo por envolver diretamente o Exército e a resistência golpista que Bolsonaro propunha até fugir para a Flórida. O ideal era aceitar a proposta do ministro da Justiça e desmanchar os acampamentos na marra, com efetivo policial federal. Encerraria a ocupação irregular das áreas militares limítrofes aos quartéis e mostraria quem é que manda.

Este é o problema. O Exército não aceita o uso da força até porque há uma parcela dele que concorda com Bolsonaro e topa qualquer coisa para tirar o presidente Lula de cena. Para esses, a Polícia Federal civil não pode usar a força para dissolver um protesto legítimo e pacifico que se estende por dois meses e só atrapalha o novo governo.

O ministro da Defesa, José Múcio, compõe com o Exército e prefere a saída pela direita do Leão da Montanha, qual seja deixar os acampados convencerem-se por si próprios que foram abandonados pelo “capetão” e ninguém descerá dos céus para salvá-los.

Como vemos, há diferenças profundas entre os dois “imbroglios” ministeriais e vou me dedicar ao dos acampados porque é o que mais se aproxima do entendimento de que “o tempo é o senhor da razão”. Flávio Dino tem temperamento forte de maranhense balaio raiz, enquanto o pernambucano José Múcio tem um caráter negociador mais ao gosto do seu conterrâneo presidente. E o andar da carruagem mostra que ele pode estar certo.

Todo dia surge na mídia novidade sobre os acampados do abandono, várias matérias foram publicadas sobre o desânimo que se abateu sobre eles depois que Bolsonaro transmitiu a live da sexta-feira 30 de dezembro e partiu para os Estados Unidos. Cheio de ressentimento e queixoso da incompreensão dos que o criticam agora, imprimiu à mensagem um tom de alheamento da realidade bem característico dos acampados que creram nele.

Da mesma forma como parece ter resolvido sem o tal telefonema a questão com o afoito ministro da Previdência e sua pretensa reforma, Lula apelará para a astúcia já testada no período de transição para mostrar a Flávio Dino que não se chuta cachorro morto, ainda mais se o bicho pertencia ao general do casarão no fim da rua.

Gostou da matéria?

Contribuindo na nossa campanha da Benfeitoria você recebe nosso jornal mensalmente em casa e apoia no desenvolvimento dos projetos da ANF.

Basta clicar no link para saber as instruções: Benfeitoria Agência de Notícias das Favelas

Conheça nossas redes sociais:

Instagram: https://www.instagram.com/agenciadenoticiasdasfavelas/

Facebook: https://www.facebook.com/agenciadenoticiasdasfavelas

Twitter: https://twitter.com/noticiasfavelas