Eu Amarelo: espetáculo homenageia Carolina Maria de Jesus

Mulher negra com vestido branco e dourado sentada olhando fixamente para a frente. No fundo da imagem, há um papelão com a cor marrom e um carrinho de mão pendurado.
Eu amarelo 2 . Foto Edu Monteiro

Utilizando como base a sua grande obra “Quarto de despejo”, a peça promove uma imersão na história da autora negra e ex-catadora de papel Carolina Maria de Jesus evidenciando as suas percepções e inquietudes quanto à realidade social à sua volta.

O espetáculo “Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus”, sob direção de Isaac Bernat, retrata a vida de uma das maiores escritoras brasileiras.

O espetáculo será apresentado na CAIXA Cultural, Rua Carlos Gomes, 57 – Centro, Salvador, durante o mês de março nos dias 22, 23, 24, 29, 30 e 31. Vale ressaltar que no dia 29 a sessão contará com acessibilidade em libras. Já no mês de abril, a exibição ocorrerá nos dias 5, 6 e 7 de abril.

As mais de 4500 páginas de manuscritos deixadas pela autora ganham vida sob a atuação ímpar de Cyda Moreno. A atriz e produtora cultural já é conhecida pela interpretação de grandes personalidades históricas, como Luiza Mahin, ex-escravizada reconhecida por integrar a articulação dos movimentos de escravizados na Província da Bahia no século XIX, e Nina Simone, cantora, pianista e ativista pelos direitos de negros (as) norte-americamos (as).

Mulher negra vestida com roupas na cor branco e dourado com as mãos na cabela olhando para cima.
Eu amarelo . Atriz Cyda Moreno . Foto Edu Monteiro

Para Cyda Moreno interpretar Carolina Maria de Jesus assume um caráter genuíno. Em seus dizeres, “Carolina extraiu poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua literatura repleta de erros de grafia é peculiar, recheada de palavras rebuscadas e profundas que refletem as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito à nossa identidade. Cyda reafirma ainda a necessidade de que o Brasil conheça a força e realeza de Carolina. 

A obra assinada pelo pelo dramaturgo Elissandro de Aquino e envolta pelo pensamento crítico atemporal de Carolina Maria de Jesus, apresenta três principais momentos da vida da autora: suas vivências na favela que levaram à criação dos diários; o período de ascensão literária, com os seus escritos batendo recordes de vendas; e a sua invisibilização e esquecimento posterior.

O legado deixado pela escritora é retratado na peça a partir de fragmentos de algumas das suas diversas obras, como Casa de Alvenaria e Diário de Bitita, além de contar também com uma rebuscada pesquisa biográfica como parte. Como profetizado por Carolina “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi”, é importante frisar que a exibição dessa peça é um marco que configura o retorno do olhar do Brasil para a sua obra quarenta anos após a sua morte. 

Após as sessões do espetáculo nos dias 22 e 23 de março, será realizado um bate-papo com o público. A troca de ideias no primeiro dia (22/03) contará com a presença de Cyda Moreno, Isaac Bernat e Elissandro Aquino. Enquanto no segundo dia (23/03), o encontro será com Vanda Machado e Isaac Bernat. Nos dias 23 e 24/03 o diretor Isaac Bernat será responsável por ministrar gratuitamente a oficina presencial nomeada “Olhar do Griot e o ofício do ator” que ocorrerá das 09 às 17h.

Horários: sexta, sábado e domingo às 20h 

Classificação indicativa: livre 

Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia para clientes CAIXA e nos casos previstos por lei). O início das vendas obedece a calendário semanal (às 12h das terças-feiras que antecedem os espetáculos de cada semana):19/03 (para as sessões de 22 a 24/03); 26/03 (para as sessões de 29 a 31/03); e 2/4 (para as últimas sessões). 

Informações: (71) 3421-4200 / Site da CAIXA Cultural