“Hoje, o tráfico de drogas não é nada além do que o espelho do capital”
Em entrevista, MC Leonardo, presidente da Associação dos Amigos e Profissionais do Funk(APAFUNK), fala sobre funk, a vida na favela, a criminalização da pobreza, defende a legalização das drogas e critica a manipulação midiática. Confira.
Por Flavia Alli
Caros Amigos – Você foi convocado a prestar depoimento sobre a música Rap das Armas quando a criou, por retratar a criminalidade. Mas, temos jovens das classes A e B que também conhecem os tipos de armas, embora através de outros meios, como os videogames. Como você vê a diferenciação do tratamento do Estado e da sociedade entre as comunidades das favelas e as pessoas de classe média ou alta?
MC Leonardo – Eu fui convidado prestar esclarecimento à polícia, em 1995, o momento era outro, não tínhamos tantos games assim. As armas realmente assustavam quando a gente cantava aquilo ali. Eu cheguei a ser indiciado justamente por conta disso, eu cheguei e falei que eu convivia com elas. E também tinha sido jornaleiro em 1994, tomei conta de uma banca de jornal por um ano, e lia bastante, aliás, foi por conta do jornal que tomei gosto ainda mais pela leitura. E a minha técnica foi essa, minha defesa foi essa, falar que eu convivia com aquilo. Tudo o que vem da favela é feio, é a questão da casa grande e da senzala que a gente herdou. Os barulhos que a senzala fazia incomodavam e tinham de ser calados. E a gente é a continuação desse processo. A favela não pode gastar. O grafite, quando ele vem da classe média, é mais aceito, e quando é o favelado grafitando vira uma ofensa. As lan houses nas favelas não são vistas com bons olhos, mas filho de rico vai para fora e compra tudo quanto é jogo e consegue jogar com uma facilidade e dividir com seus amigos. Se é o favelado quem joga, é por que faz uma apologia, ou é da índole do favelado quer dar tiro. Na questão da adrenalina o filho do rico vai pegar onda de 15 metros, esquiar. O filho do pobre não tem nada, está dentro da favela, e também tem adrenalina para gastar. Esses dias em um debate um cara falou que o jovem da favela está à procura de dinheiro e sexo, que a juventude das favelas gosta disso, como se os deputados de Brasília não quisessem poder, sexo e dinheiro. Então fica numa lógica de que o favelado comete crime, mas ele vê crime em todo o lugar, dentro e fora da favela, o tempo inteiro. O importante é a gente dizer que nós também temos os direitos, e exigir que os direitos sejam cumpridos e não “correr atrás dos direitos” como muitos falam.
Caros Amigos – Em 2009, foi aprovada uma lei que reconhece o funk como atividade cultural, sob autoria de Marcelo Freixo, e que, então, deve ser tratado pelas instâncias de cultura e não de segurança. Mas, com as UPPs, isso não tem acontecido. O funk foi “legalizado”, mas tal lei não tem sido cumprida nesses locais. O que é preciso para desconstruir essa estigmatização de “bandido funkeiro” que a própria polícia dá continuidade, associando a cultura funk ao tráfico de drogas?
MC Leonardo – É preciso exigir que a secretaria de Cultura trabalhe. “Não quero falar com polícia, quero falar com secretaria de cultura!”, é ela que tem que me defender e exigir que a secretaria de Segurança Pública se afaste do funk.
Caros Amigos – Mas as UPPs não estariam acima das demais secretarias?
MC Leonardo – Exatamente. Estamos num processo no Rio de Janeiro onde a Secretaria de Segurança Pública toma conta de tudo, aliás, é um processo no mundo todo. A lei é um ótimo instrumento de mudança, mas ela não muda nada. Lei é uma folha de papel que está lá parada. Você tem que pegar ela e usar como instrumento. Eu acho que a melhor maneira é esta, a gente mostrar para as pessoas que cigarro não mata, mas sim a prática de fumar. Então lei é a mesma coisa, não muda nada, o que muda é o que você vai fazer com ela. Nós queremos utilizar o funk para fazer com que as outras Secretarias cheguem lá. Não é só uma questão de abrir o bairro, é de mostrar para outras áreas, como a Secretarias de Habitação e até a de Turismo, que tem muita coisa para ela fazer lá dentro e usar o funk para isto.
Caros Amigos – Além de proibir as práticas culturais dentro das favelas, as UPP’s tentam empurrar uma cultura dominante que, tanto socialmente quanto economicamente, não faz parte da realidade desses moradores. Como você vê isso?
MC Leonardo – Uns falam “ o favelado só gosta de funk”, mas isso acontece porque o funk foi acessível a ele. A gente precisa colocar outras culturas lá sem imposição, coisa que o funk não faz em favela nenhuma, funk é o que as pessoas querem, e foi acessível, democrático e plural. Agora o que se tem de fazer é a preservação do funk, se querem colocar outra eu não sou contra. Se quiserem colocar Arthur Moreira Lima para tocar toda sexta, sábado e domingo dentro de uma favela, coloquem. Mas daqui a dez anos teremos muita gente querendo tocar violino e piano. O problema é as estruturas para as outras culturas que, além de não serem viáveis economicamente – pois o funk é barato -, elas não tiveram este mesmo tempo que o funk de exposição. Eu, por exemplo, já toquei muito mais de graça do que cobrando, como quase todos funkeiros, que tocam e cantam porque estão a fim. Essa disponibilidade faz o funk ser como ele é, e está em todas as favelas. Uma equipe de som é três ou quatro mil reais, mas se O Rappa quiser fazer um show de graça na Rocinha, só a produção do evento deles custará 10 vezes a mais que isso. Então, precisamos preservar o funk, pois ele cabe dentro do bolso das pessoas. As favelas da zona sul do Rio de Janeiro, que foram as primeiras a serem ocupadas pelas UPPs, tem diversão caríssima (zona sul). A entrada em uma boate é 80 reais, já no baile funk a pessoa com 30 reais entra na festa, toma a cerveja, e depois volta para casa desestressada. Da semana toda que ela teve pela frente e a outra que vai encarar, ela precisa descarregar em algum lugar. Assim, tendo o baile funk preservado como um local de diversão e entretenimento, de encontros. É uma coisa que tem que ser para sempre.
Caros Amigos – Você falou que o funk não utiliza de verbas públicas para a realização, sendo mais autônomo. Um pouco dessa criminalização dele não seria parte também de ter uma autonomia financeira?
MC Leonardo – Teoricamente, sim, ele não precisa. Mas, na prática ele necessita, pois o camarada que escreve uma faixa divulgando um baile, por exemplo, precisa de máscara, de luvas, de segurança quando for suspendê-la, precisa passar a arte para a população, e isso não é feito. Somente com uma aproximação do Ministério da Cultura, da Secretaria de Cultura poderemos transformar essas equipes de som em microempresas, para que se possa movimentar bem mais. Pois, o número de pessoas que saem para curtir funk é muito grande, e o valor que movimentamos é muito pequeno pelo que poderíamos aproveitar. Então, teria de abrir os bailes, mapear eles, saber onde precisa colocar mais transporte, por a polícia, sim, em volta das festas para dar segurança onde tem muita gente. O que não se pode é ter um policial repressor, um Estado que chegue ali (nos bailes) para reprimir. Nós tivemos um problema no início dos anos 2000 nas boates da zona sul do Rio de Janeiro, em que jovens estavam se matando, trocando socos nas saídas das boates. Então criaram um sistema unificado, com informatização forte, onde a pessoa dava a identidade e entrava na boate. Caso brigasse lá dentro, as boates ficavam com o número (Registro Geral), e esta pessoa não entraria em nenhuma outra casa de festa. Quando é numa quadra da escola de samba – embora hoje em dia o capital tenha tomado conta, e eles podem tudo, pois o carnaval no Rio de Janeiro é financiado por contraventores–, isso não acontece. Eles trabalham há muito tempo com isso, fazendo o maior espetáculo do Rio e conseguem não ter problemas. Já o baile (funk) não. Qualquer coisa que aconteça fecha o baile. Ou porque o cara entrou armado, ou tem uma menina sem calcinha, ou um cara briga na saída da festa, tudo é motivo para fechar o baile funk. Nunca procuram saber, se aproximar ou se aprofundar de uma maneira para a preservação dele.
Caros Amigos – Essa repressão nas favelas é processo histórico com os pobres e negros, seja hoje nos bailes, ou a tomada no Complexo do Alemão. No início de 1900 foi a politica de higienização, mas a razão era a especulação imobiliária, e a transformação do Rio em “cidade maravilhosa”. Hoje, a desculpa é o tráfico, maquiada pela razão da especulação imobiliária novamente e pelas Olímpiadas. Estas medidas de curto prazo do Estado e a repressão violenta podem desencadear que conseqüências nas favelas ?
MC Leonardo – Os governos são imediatistas, eles têm quatro anos só. E a mídia quando quer realmente dizer ao mundo que a cidade está segura, porque o Rio de Janeiro tem que passar esta imagem, juntos vão tomar atitudes descabidas, e vai gerar revolta. Eu acho que, com a Copa do Mundo e as Olimpíadas, vão desapropriar muita gente injustamente, vão triplicar nossa população carcerária, vão matar muita gente e gerar muita revolta. A revolta em si somente não ajuda em nada, pois, quando você cria uma indignação organizada, conseguem-se novos tempos, virar páginas de coisas boas para a cidade. Quando isso não acontece, que é o caso do Rio, nós temos a Federação de Favelas do Rio de Janeiro, a Faferj, caindo aos pedaços. Todos os presidentes e associações do Rio ficam com medo, se sentem inferiores a qualquer outro tipo de poder. Temos na história pretos, negros que se sentiam inferiores a brancos, nasceram com esta lógica. Então, na favela é a mesma coisa, a pessoa acha que está errada apenas por morar ali, muitos nem conhecem a história do lugar onde moram, são novos, com 20 anos dentro da favela. A pessoa que tem 50 anos de favela sabe que ela lutou para ter tudo aquilo o que tem, e por muita coisa que ainda não recebeu. É só o suor do trabalhador que tem ali dentro, não teve nenhum tipo de financiamento, não teve Banco do Brasil, nem Caixa Econômica. E tem que respeitar este tempo de trabalho deste povo, esta vontade de querer ou de ter que morar naquela localidade.
Na década de 1980, deu-se o boom no crescimento, pois os filhos dessas comunidades começaram a fazer filhos; e não se teve planejamento habitacional algum para saber onde esses jovens iriam crescer e de que maneira. Isso tudo é uma consequência de erro político que fez com que as favelas crescessem desta forma. No começo dos anos 1980 se tem a chegada dos fuzis nesses lugares, que até então, quando eu era criança, se existia um cara que fumava droga, a gente falava “fulano vende uma droga e anda armado”, e quase não se via ele. Mas, de repente esses lugares de ponta de venda de droga vão aumentando e vão seduzindo os jovens, por causa da televisão, pois “tem que ter um par de tênis, tem que ter aquela camisa”. E não se tinha maus exemplos daquilo, não se tinha gente presa, compravam-se policiais facilmente com pouco dinheiro. Hoje, paga-se uma fortuna, policiais envolvidos com crime no Rio ganham muito dinheiro, e faz com que sejam sócios majoritários até. E a molecada continua sendo seduzida, e nem é pelo glamour do tráfico, é porque acaba reproduzindo aquela lógica e outros para comer mesmo. O cara tem 20 palavras no vocabulário, seis dentes na boca, não conhece a cidade, não saiu da favela, não sabe o que está fazendo, vai perguntar as horas na rua e vai assustar, sentar no ônibus e alguém vai levantar por não conseguir ficar ao lado dele. Ele não vai pedir emprego, não está com idade de chegar no colégio e estudar. Então, começa carregando um tijolo, um bico, daqui a pouco não aguenta mais carregar, começa a usar algumas drogas, e tem uma família desestruturada. Logo se torna mais um reservista do tráfico, quando alguém morrer, ele assumirá algum posto, porque a demanda é grande.
Caros Amigos – Mas a em relação ao tráfico, você acredita que legalizar as drogas resolveria o problema? Pois no momento que há a legalização abre precedentes para a industrialização, então as drogas acabarão servindo mais ao capital formalmente do que a este meio alternativo de geração de renda, embora de uma parte e não de um todo.
MC Leonardo – O tráfico de drogas, da maneira que está hoje, não é nada além do que o espelho do capital. Eles reclamam da opressão do Estado, mas quando vão presos reproduzem esta repressão contra o outro, eles se matam por dinheiro. Então, não há nada de político na questão do tráfico dentro das favelas. Eles são mão de obra barata, a proibição das drogas não impede ninguém de cheirar cocaína. Não conseguiram em lugar nenhum no mundo combater as drogas. O combate das drogas é um combate falido. Drogar-se é tão antigo quanto andar para frente. Antes de nós sermos chamados de seres humanos, os que vinham antes da gente se entorpeciam, então, ninguém pode ser ingênuo de achar que o futuro é as pessoas se drogarem menos, pois as pessoas vão se drogar mais com esse combate, com este sistema, com este mundo capitalista que vivemos. Quem não conseguir ter um bom tênis, quem tirar notas baixas, quem ficar frustrado por não passar na prova, pode se drogar. A pergunta é: Quem está se drogando? Quantas pessoas cheiram cocaína no Brasil? Qualquer número que falar será especulativo, porque você não sabe o número real, então, como combater uma coisa que você não conhece o tamanho? Falar nas fronteiras é uma balela! A fronteira dos Estados Unidos é a mais segura que tem, e mesmo assim eles consomem a maior parte da cocaína do mundo.
Caros Amigos – O que gera mais dinheiro: Crack ou cocaína?
MC Leonardo – Mundialmente a cocaína dá mais dinheiro, mas em algumas regiões do Brasil é o crack. Dizem que o crack é a droga mais barata, mas é mentira, pois o crack custa a vida. A maconha não mata, não precisa ser vendida, ela dura cinco vezes mais que o algodão, ela é mato, e o algodão é árvore. Para se ter uma camisa tem que desmatar, então a questão é a indústria têxtil que criminaliza a maconha, mais do que qualquer outra coisa. Você não precisa comprar, e não vai te matar. Por que proibir? Pergunta simples para quem defende a proibição. Maconha é mato! A proibição da maconha está entre os dez maiores absurdos que o mundo atravessa hoje. Eu acho que tinha de legalizar todas as drogas.
Caros Amigos – Mesmo o crack que, na sua opinião, é o mais caro por custar a vida?
MC Leonardo – E se, agora, legalizasse as drogas, onde só o governo pudesse vender? Se o cara quer se drogar, manda subir em cima de uma balança, vê o peso, o tipo sanguíneo, mede a pressão, pega o endereço, RG, controla ele, vê quanto ele usa, onde o consumo aumenta. Depois pega o dinheiro e abre clínica para reabilitação. Vão combater o tráfico como? “Ah não legaliza o crack”, mas como o combate então? Não tem dinheiro para combater porque está combatendo todas as drogas com isso. Não legaliza o crack, mas pare o combate, deixe ver o tamanho primeiro de quantas clínicas serão necessárias abrir, e cadastre todo mundo. O usuário de crack é fácil de achar, já o da cocaína se esconde.
Caros Amigos – A própria questão também da Segurança Pública, por exemplo, ao invés de manter o PRONASCI e a repressão, seria mais efetivo legalizar as drogas e abrir clínicas de reabilitação investindo a verba em educação e saúde…
MC Leonardo – Exatamente. Seria um ponto importante, porque arruma condições financeiras de fazer um debate amplo na sociedade para o futuro. Mas, é uma questão muito delicada para o Brasil responder. A minha ideia, para o problema, seria manter uma moeda só na América Latina, a chamada “Latina”, e falar que não conseguimos, perdemos a guerra ao combate, e vamos legalizar. Quem quiser que venha comprar! Seria a única maneira de tirar os Estados Unidos das nossas fronteiras, preservar a vida dos jovens, pois é para se preservar a vida em primeiro lugar, e o combate está matando muito mais que o uso. A proibição é uma aberração, pois ela financia fuzis que as pessoas compram para se defender deste combate. E a pessoa que nunca cheirou cocaína, nunca fumou maconha, nem bebeu na vida está correndo o risco de levar uma bala de fuzil financiada por este uso. O problema é que aí a coisa se inverte: aqui no Rio de Janeiro, no Brasil, o usuário é o culpado. E, mundialmente, nos Estados Unidos, lugar onde mais se consome, o cara é colocado como vítima. Então, não tem como entender: Os Estados Unidos é vítima ou culpado? Se lá são vítimas, os usuários de drogas do mundo todo serão, não somente eles. É um debate que tem de ser levado para a ONU. E, se somente o Brasil legalizar, ele não conseguirá suportar a pressão internacional, virará a “Disneylândia” do pó. A gente sabe que a mídia fala “mais uma refinaria de cocaína foi encontrada na Rocinha”, mas todos os repórteres sabem que na Rocinha não há espaço para ter refino. Se a mídia pudesse ela dizia que o Ném, da Rocinha, está enriquecendo Urânio! Mesmo não estando. Então, estão prendendo muita gente, aumentando a população carcerária, e a tendência é piorar, se o sistema de combate às drogas no Brasil continuar da mesma maneira que está.
Caros Amigos – Como morador da Rocinha, gostaria que falasse como a comunidade recebe esta mídia que trata apenas sob a perspectiva de poucos, divulgando um “Estado de Terror”, como nos episódios do Complexo do Alemão?
MC Leonardo – Se você ligar uma câmera em qualquer praça do Brasil todo mundo vai querer aparecer, na favela também é igual. Quando o cara vê a Ana Maria Braga mostrando a roupa do BOPE, a faca do BOPE, ele acha que realmente está seguro. Na verdade, não foi debatido, apenas jogaram a ele um consenso falso de que esta é a saída. Eu não vejo a mídia como minha amiga, falo como funkeiro e favelado, a mídia não é minha amiga! Ela chega com perguntas e respostas na ponta da língua, pois se você não responder o que eles querem, não vai para o ar. Tenho poucos amigos na mídia conservadora, a grande maioria me aborrece. O funkeiro está cansado (da mídia), foram muitas decepções. E foram muitas coisas bizarras: a morte do Tim Lopes, por exemplo. O Tim não morreu num baile funk; a questão do trem do sexo, que ninguém viu, mas está no subconsciente dos brasileiros; os arrastões… a gente sofreu muito. E quando digo “ a gente sofre”, falo de 18 anos de carreira, de dois filhos que criei, das capitais e pessoas do Brasil que conheci, das comidas diferentes que provei, de todas as coisas que o funk me deu e eu tenho aqui. Eu devo tudo o que tenho ao funk, não posso abandoná-lo, até porque estarei ajudando pessoas que nem nasceram, que virão e dependem da geração de hoje, que lucrou e se divertiu com o funk.
Flavia Alli/Jornalista Revista Caros Amigos