Empoderamento e Autoestima

Foto: Tyler Mitchell - o primeiro afroamericano a assinar uma capa da vogue americana.

“Nós não empoderamos ninguém, isso é no mínimo prepotente. Tudo o que somos capazes de fazer, é despertar o gatilho dentro de cada pessoa, gatilho que faz com que ela desenvolva teu potencial de vida com qualidade (ou não) e se empodere.” — Fabíola Oliveira Odarah (#DivasReais)

Assim segui a conversa com uma das mulheres que mais admiro e acompanho. Fabíola também participa da transformação de muitas vidas.

Durante todo nosso bate papo fiquei me perguntando até que ponto, o que ela disse, faria sentido e agora é como se uma nova lacuna se abrisse na minha cabeça. Todo ser humano é dotado de emoções individuais, características específicas de lidar com a vida e personalidade única. São essas características, somadas às relações sociais desse mesmo indivíduo, que criam seu desenvolvimento psicossocial e consequentemente refletem na sua autoestima ou como já dissemos em nosso vídeo no youtube, o auxiliam a avaliar a estima sobre si.

A teoria do desenvolvimento psicossocial, apresentada pelo psicanalista Erik Erikson, nos deixa claro que nenhum ser humano é puramente feito de suas habilidades pessoais, ou seja, todos nós somos soma de experiências, pessoas, vivências e interação que mantemos em ambiente social.

Nada, absolutamente nada é puro a partir do momento que outras pessoas e coisas começam a afetar o modo que você vive e olha para si e para o mundo. Somos fragmentos misturados com um toque pessoal, formando assim a nossa própria identidade. A não ser que você seja um bebê de até 1 ano de idade .

O  ser humano atravessa estágios ao longo da vida e são esses estágios que farão parte da formação para o seu comportamento. A partir de 1 ano de idade até os 3 anos, começamos a criar autonomia, mas também dúvida e vergonha. Justamente porque é nesse período que começamos a entender as normas impostas pela sociedade e a confrontar nossos desejos ou vontades.

Já na fase adulta, nos deparamos com episódios marcantes ou “crises psicossociais”, que influenciarão nas decisões que esta pessoa tomará perante a vida.

Podemos estar empoderados e mesmo assim não ter uma autoestima saudável? É logico que sim!
Por isso mesmo é incoerente  olhar uma pessoa aparentemente com a autoestima destrutiva e dizer que ela não é empoderada.

Aliás, você tem certeza que sabe o que é empoderamento? Acredito que de tão usada, a expressão caiu em um “uso social desgastado” a tal ponto que às vezes nem sabemos se estamos aplicando de maneira correta.

Se empoderamento se refere ao ato de dar ou conceder poder para si próprio ou para outrem,  empoderar representa a ação de atribuir domínio ou poder sobre determinada situação, condição ou característica.

Pela lógica aqui, eu posso dar ou conceder poder a qualquer coisa, até mesmo para os pontos negativos, construindo assim uma autoestima destrutiva. Certo?
Alinhar nossos propósitos para obter uma qualidade de vida é fundamental para entendermos o que fazemos com todas as ferramentas que temos em mãos hoje.

Vamos ver um exemplo:
O caso da  Beyoncé. Com 116 milhões de seguidores no instagram e prêmios a perder de vista, ela é uma das maiores representatividades de empoderamento e autoestima no meio artístico global. Mas recentemente li algo interessante sobre ela citado por uma menina entrevistada por Peggy Orenstein no livro Garotas e Sexo:

Eu amo Beyoncé, ela é um dos meus ídolos. Ela é tipo uma rainha. Mas eu me pergunto: se ela não fosse tão bonita, se as pessoas não a vissem como alguém sexy, ela seria capaz de defender os argumentos feministas como ela faz?

 

Será realmente que Beyoncé tem um autoestima saudável ou faz uso do empoderamento e da liberdade que o feminismo nos dá, para nos fornecer uma imagem que vende?

A premissa  é que nunca vamos saber de fato se o que a Diva do pop tenta traduzir em sua vida artística é ou não uma autoestima saudável. Aliás, somente ele poderá dizer e viver isso.

É preciso muita coragem para encarar o empoderamento nosso de cada dia. É preciso menos respostas rígidas para que nossa vida se torne saudável, mas é urgente que possamos entender que toda essa construção é individual e que que é saudável e primordial que possamos peneirar nossas vivências e construir um desenvolvimento que nos torne realmente felizes ao invés de vivermos baseados na aparente perfeição dos filtros instagramers.