EMBASA corta água da Casa Preta Zeferina por ordem da Prefeitura

Giovana Ferreira, do Movimento de Mulheres Olga Benario, que coordena a Casa Preta Zeferina, ocupação de mulheres, vítimas de violência, denuncia a falta d’água no local, há três dias por ordem da Prefeitura de Salvador, sem aviso prévio. As mulheres estão com dificuldade de preparar alimentação, fazer a limpeza do local e a higiene pessoal está acontecendo com ajuda da vizinhança.

A Casa Preta Zeferina, em Salvador, localizada, no Santo Antônio Além do Carmo, Centro Histórico, atua desde 2021, ocupando o local abandonado pela Prefeitura. São oferecidas de forma gratuita diversas atividades, como cursos de formação política, oficinas, aulas de yoga, eventos culturais.

Segundo o Relatório Elas Vivem: liberdade de ser e viver, a cidade soteropolitana teve 28,57% dos feminicídios ocorridos na Bahia, sendo que o estado possui 417 cidades, ou seja, quase 1/3 de todos os casos da estado.

Crédito: Isabella Tanajura

De acordo com Giovana Ferreira, a Prefeitura não argumentou nada com o movimento, “nós soubemos que ia ter a água cortada quando vimos os trabalhadores da EMBASA chegando e cortando. Nós perguntamos quem solicitou o corte da água e somente falaram que a Prefeitura mandou um oficio pedindo o desligamento da água, ligamos para a embasa mas não tivemos retorno”.

Na próxima semana, a coordenação da casa vai ao Ministério Público protocolar as denúncias de violações da Prefeitura, além de solicitar uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores.

Crédito: Isabella Tanajura

Há dois anos o trabalho foi iniciado de forma voluntária para ajudar as mulheres vítimas de Violência. Salvador, como a maioria das cidades, é uma cidade perigosa para às mulheres e os dados que todos os dias aumentam demonstram isso.

O espaço que hoje é a Casa Preta Zeferina, estava abandonado em 2021, há mais de 6 anos e sem cumprir função social nenhuma. “Ocupamos e desde o inicio fazemos a denuncia da violência contra as mulheres e a especulação imobiliária que assola em nosso bairro. Desde o surgimento da Casa, sempre procuramos os órgãos da Prefeitura para falar sobre a pauta, pensar como em conjunto podemos fazer o enfrentamento a violência contra a mulher, porém até hoje não tivemos um retorno positivo”, enfática Giovana.

A conta de água está vinculada a Prefeitura e a mesma precisa negociar para dar possibilidade, inclusive, da coordenação pagar a conta. Mas, infelizmente, o que fazem no cenário de aumento da violência contra a mulher na cidade, é cortar a água da casa que ajuda essas mulheres vítimas de violência.

“A luta pela vida das mulheres é papel de toda sociedade, pois em primeiro lugar estamos lutando para estar vivas, numa sociedade que é machista e misógina. Iniciativas como a Casa Preta Zeferina deve ser apoiada pelos órgãos do Governo, já que estamos falando de direitos humanos básicos, de estar vivas, principalmente”, ressalta Giovana.

Cortar a água da casa das mulheres é uma decisão arbitraria, sem nenhum diálogo com o movimento que é comprometido com a causa.