E agora José para onde?

interrogacao

 

Todas as quartas feiras a tarde, lá estava eu na casa do poeta maior Carlos Drumond de Andrade de quem tive a honra de ter sido mensageiro.

Na cozinha, Das Dores (D.Dolores) a doce esposa de Drumond, gentilmente preparava o nosso café. Enquanto isso, rolava aquele papo mineiro-carioca na repartição  que abrigava a biblioteca e a escrivaninha. Perguntei ao Sr. Carlos, era assim que eu o chamava, Dolores também: – Quem era josé? Ele respondeu que Jose, era todos nós. As vezes sem rumo, sem destino, atordoado, quase sem nada! Sem contar que no meio do caminho quando se levantava e tentava andar, havia uma enorme pedra no meio.

Hoje entendo perfeitamente e com clareza o que o poeta queria verdadeiramente nos mostrar. Nossa política é como um carrossel, roda, roda, roda e volta pro mesmo lugar. Ao partir, deixá-nos sempre uma pontinha de esperança anunciando que algo irá mudar.

Imaginem, o nosso carrossel de esperança em tempos de redemocratização partiu com um comandante trabalhador oriundo da metalurgia ainda com cheiro de graxa e óleo. Os nossos olhos brilhavam o “Sapo Barbudo” vindo dos brejos de um nordeste faminto subiu triunfantemente a rampa do Planalto. Brizola, aquele que o apelidou de sapo, também olhava, mas olhava cabreiro, desconfiado como se estivesse premeditando alguma coisa.

Naquele mesmo momento, a atriz Regina Duarte a namoradinha do Brasil, termo dado pela Rede Globo, colocou o seu rostinho na telinha e com um ar de muita preocupação não exitou em dizer: – Estou com medo! Ela se referia a mudança radical da Presidência da República Federativa dos Estados Unidos do Brasil e a chegada do Partido dos Trabalhadores ao poder. Sofreu uma enxurrada de repúdios e por algum tempo sua imagem ficou ofuscada. Os estrelas vermelhas respondiam: – A Esperança venceu o medo!

 Agora, os parafusos deste carrossel, mesmo depois de terem sido colocados por experientes metalúrgicos, estão enferrujando. Isto porque, além de muitas acusações de desvios de recursos, dois tesoureiros em tempos diferentes foram denunciados por roubo. Há quem diga que o motivo é que os parafusos foram reaproveitados do almoxarifado do técnico FHC e que já estavam desgastados. Dando como exemplo, o mensalão de minas, privatizações, e os parceiros diversos, latifundiários, madeireiros, banqueiros, etc.

Faz sentido, Joaquim Levy, era parceiro de Armínio Fraga e os dois eram os escolhidos de FHC, sendo Levy um demissionário Superintendente do Bradesco, seguindo a linha vem Kátia Abreu Senadora líder dos interesses da bancada ruralista. Em tempos da maldição dos agrotóxicos, há de nos preocupar. Além do mais, foi ela quem afirmou em recente entrevista que já não há mais latifúndio no Brasil. Acredite se quiser!

Por fim, a escolha de Eduardo Cunha para presidência da Câmara, nos dá o tom do qual o poeta Drumond me falou naquela oportunidade. O “Povo-José” está sem rumo.

Mas também percebo que este mesmo povo já começa a manifestar sua indignação diante da atual situação participando de reuniões com diversos seguimentos da sociedade. Seus organizadores alegam que é preciso promover uma terceira via como opção de mudança para o enfrentamento. Esta não deve está ao lado da oposição e nem junta aos governistas. O certo é que agora José tão cansado, precisa encontrar seu lugar. Sol não falta, vide as atuais temperaturas no Congresso, no Governo e nas ruas. Vamos esperar para ver, pois a meteorologia prevê uma intensa tempestade e José aguarda bonança.