Depois do jejum e da oração, só a Bolsa Coxinha pode salvar o país

Vendedor de biscoito Globo em praia carioca - Foto freewalkertours.com

Passado o encontro com pastores neopentecostais na entrada do Palácio da Alvorada pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro anunciou em entrevista à tarde, a convocação em breve de um dia de jejum e oração para o Brasil se livrar do coronavírus. Se atentar à realidade da população carente, bastará pedir orações, porque o jejum é garantido pelo seu próprio governo.

A quantidade de vítimas fatais da pandemia no país não impressiona o presidente, que continua a defender a volta à atividade normal. Ele admite e lamenta não ter apoio popular para mandar abrir o comércio, com resultado duvidoso porque muitos não sairiam às compras sem o dinheiro que não ganharam na economia informal.

“Eu estou esperando o povo pedir mais, porque o que eu tenho de base de apoio são alguns parlamentares. Tudo bem, não é maioria, mas tenho o povo do nosso lado. Eu só posso tomar certas decisões com o povo estando comigo”, afirmou Bolsonaro, lembrando talvez das recentes e estrondosas manifestações de apoio ao seu governo.

“Eu tenho um projeto de decreto pronto na minha frente para ser assinado, se preciso for, considerando atividade essencial toda aquela exercida pelo homem e pela mulher através da qual seja indispensável para levar o pão para a casa todo dia”, também afirmou o presidente.

Assinado o decreto, salgadeiros, doceiros, marmiteiros e vendedores de biscoito Globo nas praias poderão voltar à atividade plena, desde que sua excelência considere “atividade essencial” a compra e o consumo desses produtos. Mas então será necessário criar a Bolsa Coxinha, e pode ser que o pessoal dele não ache legal.