Defenda sua preta em praça pública ou virtual

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Na última semana passei por um episódio complicado nos tribunais das redes sociais, uma mulher branca e blogueira, com  80 mil seguidores no Twitter, compartilhou um post em que eu falava da minha relação com a mãe do meu filho, retirando de contexto e dizendo que eu queria palmas por “ser pai” e fazer nada mais do que minha obrigação. Não vou entrar no mérito da acusação, o papo aqui gira em torno do que vem depois, a mobilização das mulheres pretas daquela rede social em minha defesa.

Logo após a publicação feita pela digital influencer a enxurrada de comentários questionando sua fala começou. Fundamentando as críticas das mais diversas formas, mas sempre muito bem construído e colocado, as mulheres pretas invadiram a publicação e com uma chuva de comentários e compartilhamentos defenderam um irmão.

Além da defesa de um irmão que 90% das meninas não conhecem pessoalmente, chamou a atenção o empenho e mobilização coletiva de mulheres de vários pontos do país em torno de uma causa, aparentemente, trivial, acusações no tribunal da internet ocorrem diariamente.

Agora vem a reflexão e o que podemos levar desse caso no dia seguinte. E se fosse uma mulher preta sendo perseguida e linchada por homem branco, nós, homens pretos, teríamos a mesma posição? Se a resposta é a dúvida ou a negativa, e eu acredito que seja infelizmente, devemos refletir sobre isso, conversar com nossos pares e trabalhar para mudar esse cenário.

Parece um episódio pequeno no tribunal que são as redes sociais, porém, somente eu como atingido por essa história sei o quanto foi importante contar com a força e o apoio das mulheres pretas que se colocaram no front de batalha ao meu lado. Custa zero reais para nós homens tomarmos partido das nossas pretas, seja no mundo real ou virtual. Para além da obrigação de defender uma irmã nossa, a verdade é que, cada dia mais, estamos em débito com elas! Elas podem não cobrar, mas nós temos a obrigação de cobrar uns aos outros, é passada a hora de defendermos nossas pretas em praças públicas ou virtuais.