Cuidado materno e neonatal: mulheres negras ainda são as que mais morrem

mulheres negras
Crédito: Getty Images

Amanhã, dia 27 de outubro, é o Dia Nacional de Mobilização Pró-saúde da População Negra. Por conta disso, a Sociedade Brasileira pela Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (SOBRASP) chama atenção para a gravidez de mulheres negras, pois é um ponto importante a ser debatido.

As mulheres negras grávidas ainda são as mais vulneráveis, pois são as que mais morrem e os seus bebês, são os que possuem mais registros de prematuridade.

De acordo com o Observatório Covid-19, que possui vínculo com a Fiocruz, de 1.204 óbitos registrados entre 2020 e 2021 por conta da Covid-19, 56,2% foram de mulheres negras. Número quase duas vezes maior do que as mulheres brancas.

Dentro desse número, as mães negras apresentam o maior percentual de bebês que nasceram prematuros, são 14,8%. Dividindo esse número entre negras (7,7%) e pardas (7,1%). As indígenas (8,1%), brancas (7,8%) e amarelas (6,3%). Esses são dados de um estudo realizado pela UFPel, Unicef e Ministério da Saúde, no ano de 2013.

Gravidez: mulheres negras e o racismo

Antes da pandemia, em 2019, o maior número de óbitos maternos no Brasil também foi de mulheres negras. De acordo com o Ministério da Saúde, 65% de mulheres negras morreram, contra 30% de mulheres brancas.

Para essas mulheres, entre os principais problemas na área da saúde, está a falta de informação sobre os dados de cor/raça.

“Ou não são coletados pelos profissionais de saúde nos locais de atendimento, ou, quando existentes, não são empregados como base essencial para o planejamento e a tomada de decisões nas políticas e ações de saúde no Brasil”, explica Cecília Izidoro, enfermeira e docente da Escola Anna Nery/UFRJ e membro da Câmara de Políticas Raciais/UFRJ.

Cecília Izidoro – Crédito: Divulgação

Segundo Cecília, alguns estados podem até fazer de forma satisfatória o preenchimento da variável raça/cor/etnia, mas se eles não produzem indicadores, não são transformadores em políticas reparadoras. Dessa forma, esses dados acabam virando estatísticas.

“Não ter a informação é uma forma de encobrir o racismo”, afirma Cecília.

Além de tudo isso, as mulheres negras possuem uma maior dificuldade para acessar consultas ginecológicas, pré-natal e até vaga em hospital para dar à luz. Muitas vezes, essas mulheres acabam sofrendo maus-tratos durante o trabalho de parto.

A urgência de ações pelo cuidado materno e neonatal das mães e seus bebês

A SOBRASP busca reforçar a campanha da Organização Mundial da Saúde (OMS) que tem como tema em 2021, o “Cuidado Materno e Neonatal” no âmbito da segurança do paciente, e os esforços da Aliança Nacional para o Parto Seguro e Respeitoso.

É importante combater a desigualdade étnica e social, por isso a SOBRASP destaca algumas ações que são necessárias, confira abaixo.

  • Nos locais de atendimento às gestantes, parturientes e puérperas negras, avançar na formação dos profissionais para a temática Saúde da População Negra, incorporando esta temática na educação permanente e qualificando o encontro clínico entre profissionais de saúde, paciente e família;
  • Estudar atentamente cada caso, verificar o que os exames obrigatórios apontam;
  • Não só preencher e coletar os dados do quesito cor, mas apontar, pelos dados epidemiológicos como reverter os altos índices de mortalidade materna.

“Não daremos nenhum passo atrás contra as injustiças no acesso e permanência nos serviços de saúde, seja no público ou privado. Para nós, equidade é qualidade e segurança no cuidado”, afirma o Grupo de Trabalho Diversidade, Equidade e Segurança do Paciente da SOBRASP.

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