Complexo do Alemão tem altos índices de tuberculose

Favela do Alemão. FOTO: Joaquim Azevedo

O Rio de Janeiro é visto como um belo espaço turístico mundial, mas nem sempre o destaque se dá por conta de suas belas paisagens. A cidade é uma das líderes nas estatísticas de tuberculose junto ao Ministério da Saúde, colaborando, de forma negativa com as mortes pela doença no Brasil – no ano passado, ficou atrás de Amazonas e Pernambuco, apenas.

Um dos pontos mais afetados do município, segundo a secretaria Municipal de Saúde, é o Complexo do Alemão, localizado na zona Norte do Rio de Janeiro. Os problemas de urbanização vêm fazendo com que os números subam nos últimos anos. Existem valas ao ar livre e excesso de aglomeração habitacional por metro quadrado.

O número de mortes no município do Rio de Janeiro vem atingindo índices elevados, segundo institutos de pesquisa como a Fiocruz, que lançou o Observatório Tuberculose Brasil, em 2013.

Preocupado com essa realidade, o Ministério da Saúde distribuiu, em parceria com a Agência de Notícias das Favelas (ANF), placas do Minidoor Social para conscientizar a população sobre o tratamento. Foram 125 minidoors sociais para informar sobre a importância do tratamento da tuberculose nas favelas do Rio de Janeiro e Recife.

Proliferação da tuberculose

A tuberculose é um vírus que se espalha pelo ar. Por isso, ocorreu alta contaminação no período de pandemia de Covid-19, quando espirros espalhavam diversas bactérias. Locais fechados facilitam a propagação da doença, que cresce assustadoramente nas periferias sem infraestrutura urbanística.

É o que relata Tereza Gonçalves, moradora de uma das favelas do Complexo do Alemão. “São mais de cinquenta anos convivendo com valas e descaso público. Passei por tantas contaminações que me sinto imune. O organismo parece entender melhor de sofrimento do que eu”, ironizou a cidadã, que cuida de seu neto Luiz Alfredo, contaminado pela tuberculose.

Raio X do pulmão de pessoa infectada. ARQUIVO: Clínica Laurindo Quaresma

Presídio facilita contaminação pela tuberculose

Segundo estudos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) responsável pelo território do Alemão, um dos pontos facilitadores para o crescimento é o Presídio de Água Santa, unidade Ary Franco, considerado o pior do Rio de Janeiro.

O espaço atende 74% de presidiários a mais que sua capacidade e possui celas subterrâneas, como divulgou o Laboratório Espaço Público e Direito à Cidade, em seu site oficial.

A falta de estrutura prisional é informada pelo Instituto como “claustrofóbica em razão da inclinação do relevo e falta de planejamento”.

A bactéria da tuberculose circula de forma aérea, atacando diretamente nossos pulmões. Isso nos leva a pensar que, ao ar livre, a contaminação se torne mais difícil de ocorrer, mas a possibilidade existe. E, em espaços fechados, a possibilidade de infecção se torna muito maior.

O contágio da tuberculose

Diego Luther se recupera da tuberculose com tratamento no SUS. FOTO: Joaquim Azevedo/ANF

Um dos sintomas é a tosse contínua. Se persistir durante três semanas, procure um médico urgentemente. Você pode ser um transmissor, como Diego Luther, residente da favela Vila Cruzeiro. “Nem sei onde eu peguei. Só sei que não parava de tossir e espirrar. Fiquei com aspecto de velho, mas achei que era por conta das noites perdidas. Não pensei que fosse grave. Hoje eu me cuido e ainda bem que não prejudiquei ninguém”, relata o morador, que realiza tratamento pelo SUS.

Além da tosse, é preciso ter atenção com febre constante, emagrecimento repentino e cansaço demasiado. Não dê tempo para que o vírus cresça, pois o quanto antes começar com os medicamentos, maior é a possibilidade de recuperação.

Conheça mais sobre a campanha do Ministério da Saúde clicando no link abaixo.

https://www.gov.br/saude/pt-br/campanhas-da-saude/2023/tuberculose/campanha-nacional-da-tuberculose

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